segunda-feira, agosto 10, 2009

Mentira e verdade

"Importa dizer, aqui e agora, sem papas na língua, que Cavaco e Sócrates são sinónimos de verdade e mentira. Respectivamente.

Primeiro foi o lamentável caso do Estatuto dos Açores. As palavras indignadas do Presidente da República não tiveram apenas a ver com aspectos constitucionais e de perda de poderes. Nas duas comunicações que fez ao País e em outras ocasiões, nomeadamente quando o Tribunal Constitucional mandou para o lixo o lamentável diploma, Cavaco Silva deu claramente a entender que no decorrer do processo alguém tinha faltado aos compromissos assumidos, isto é, dito por outras palavras, alguém mentiu ao Chefe de Estado. Agora, com a não-nomeação do neurocirurgião João Lobo Antunes para o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, as coisas ficaram mais claras.

Rompendo com uma postura institucional que o impede de revelar em público conversas privadas com o senhor presidente do Conselho, Cavaco Silva, mais uma vez indignado, veio dizer aos portugueses que o afastamento do seu ex--mandatário e conselheiro de Estado por parte do Governo tinha sido um acto hostil e que a Presidência da República estava estupefacta com essa atitude. Mais do que isso, Belém fez saber que, a exemplo do que tinha acontecido com o lamentável Estatuto dos Açores, também neste caso houve compromissos que não foram respeitados pelo Governo. Como não estamos a falar de pessoas vulgares, mas sim do Presidente da República e do senhor presidente do Conselho deste sítio manhoso, pobre, triste, deprimido, cheio de larápios e obviamente cada vez mais mal frequentado, a situação é grave e exige um esclarecimento público urgente.

O gabinete do senhor presidente do Conselho reduz o incidente a uma intriga palaciana para entreter os indígenas em tempo de Verão. Mas evidentemente que esta explicação simplória não colhe pela simples razão de que Cavaco Silva é uma figura que, goste-se ou não tanto do ponto de vista pessoal como político, prima pela correcção, pela honestidade, pela frontalidade e, claro, pela verdade, uma palavra que incomoda muita gente do sítio, entre os quais os apaniguados socialistas do senhor presidente do Conselho. Acontece que nesta história é indiscutível que alguém anda a faltar à verdade. E como os portugueses conhecem bastante bem os personagens desta triste e lamentável novela entre dois titulares de órgãos de soberania, importa dizer, aqui e agora, sem papas na língua, que Cavaco Silva e José Sócrates são, hoje em dia, sinónimos de verdade e mentira. Respectivamente
."

António Ribeiro Ferreira

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