quinta-feira, setembro 24, 2009

O Estado velho

"Toda a gente finge querer ver esclarecido o "caso" da espionagem em Belém. É uma encenação bonita, mas um tanto gasta. Em última instância, o e-mail trocado por jornalistas do Público, que eventualmente compromete um assessor de Cavaco Silva e talvez o próprio Cavaco Silva, terá o destino que tiveram, por exemplo, os e-mails e os vídeos que eventualmente comprometiam, no Freeport, familiares do eng. Sócrates, subordinados do eng. Sócrates e talvez o próprio eng. Sócrates: o arquivo morto.

Vale a pena recordar: "esclarecer", em Portugal, é sinónimo de criar pandemónio em volta de um tema durante uma semana e esquecê-lo na semana seguinte. Nesta história, por acaso, a "semana seguinte" traz eleições, e é possível que a presuntiva espionagem ainda pese até lá. Se pesar, o eleitor deve ignorar as prometidas investigações da Procuradoria-Geral da República (que nem resolveu as "escutas" de que se disse alvo) e, a partir da fezada, tentar perceber sozinho se o Governo espia a Presidência ou se a Presidência inventou uma acusação de tamanha gravidade. Basta responder à pergunta: a julgar pelos respectivos antecedentes, qual das duas principais figuras do Estado é mais confiável? No fundo, é a velha técnica do carro usado. Ou, apropriadamente, do país usadíssimo, e à beira da caducidade
."

Alberto Gonçalves

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