Os parentes da liberdade
"Moita Flores, o vulto que há quatro anos ganhou a autarquia de Santarém pelo PSD, que este ano volta a concorrer à autarquia de Santarém pelo PSD e que afirma não votar no PSD (nas legislativas, que o homem não é maluco), decidiu entregar ao eng. Sócrates a medalha de ouro da cidade, a única que um português conquistou nestes dias fraquinhos para o atletismo. O eng. Sócrates, que correu mais do que Naide Gomes a aceitar o prémio, aproveitou para criticar a "cultura da maledicência". Na insuspeita opinião do primeiro-ministro, a atribuição da medalha à sua pessoa "é um acto de coragem e até de nobreza". Moita Flores, outro insuspeito, acha igualmente que é preciso coragem "para agradecer quando a mediocridade adora que se diga mal". É um facto: o País está repleto de maledicentes. E medíocres. E biltres. E ressabiados, canalhas, patifes, fuinhas e sifilíticos. São, em suma, todos os que não presenteiam o eng. Sócrates com pechisbeques dourados. Felizmente, no meio do lodaçal há ilhas paradisíacas de grandeza. Moita Flores é uma ilha assim. Até porque o próprio já a referiu, é escusado insistir na coragem que a oferta da medalha implica, e "coragem" é logo a primeira palavra que ocorre para classificar um herói que ousa adular o chefe do Governo. Mas importa alertar para as perseguições a que, de agora em diante, o herói está sujeito. Quantas figuras foram capazes de feito semelhante? A História não regista muitas. E cada uma amargou o inferno em vida: pressões, ameaças, chantagem, a ocasional tortura, o eventual degredo. Porém, o sofrimento vale a pena quando, segundo o eng. Sócrates, a homenagem ao eng. Sócrates "honra a cultura da liberdade, porque a liberdade é irmã da tolerância e da compreensão". No caso, parece que também vem a ser prima da cara de pau e cunhada da pobreza de espírito, isto para não mencionar os restantes familiares da "liberdade respeitosa" tão apreciada pelo eng. Sócrates"
Alberto Gonçalves
Alberto Gonçalves
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