É preciso abrir o olho.
"De acordo com o relatório da organização internacional dos Repórteres sem Fronteiras, Portugal caiu do 16º para o 30º lugar no ranking da liberdade de imprensa. Dando como assente que em democracia nenhum dos seus valores estruturantes, de que faz parte a liberdade de imprensa, é absoluto, mostra-se evidente que esta queda no ranking é preocupante.
É preciso abrir o olho, porque as novas tendências políticas não gostam de poderes livres e independentes, que fiscalizam, que questionam, que querem saber mais, porque a sua missão é a busca da verdade.
A verdade é que não precisávamos deste relatório para sentir no ar este cheiro asfixiante, que se revela de múltiplas maneiras. O cidadão tem de estar com os olhos bem abertos, porque a liberdade de imprensa é um valor que lhe pertence. É em nome dele que ela existe, por isso tem obrigação de a defender. Esperar que seja o poder político, as empresas de comunicação ou os jornalistas a defenderem a liberdade de imprensa é não querer acordar de um sonho.
Não vale a pena recorrer a interpretações enganosas para afirmar que tal acontece porque a forma de comunicar mudou ou porque o jornalismo já não funciona como funcionava. O mal não está na mudança, mas na substância, ou seja, no tipo de jornalista que temos e no jornalismo praticado. A subserviência, o jornalista de coluna vergada, a ausência de consciência ética da profissão e a não assumpção de uma cultura de responsabilidade estão a matar a liberdade de imprensa. A nova ordem comunicacional, com uma lógica empresarial que alterou os métodos e a forma de conceber e fazer jornalismo, não pode ser a única responsável. Sabemos que temos uma sociedade civil fraca e pouco exigente, mas é importante ter consciência desta realidade.
Como o mundo caminha, os governos vão ter cada vez mais dificuldades em passar as suas mensagens políticas e em fazer uma governação honesta. Estamos a viver o tempo das manigâncias e dos compadrios na arte da governação. A denúncia pública destes comportamentos e a identificação dos seus autores só é possível com uma comunicação social forte e credível.
O que está em jogo, para além da garantia constitucional da liberdade de imprensa, é o direito que a sociedade tem de ser informada. Sem dúvida que a democracia cresce quando os média têm trajectórias claras e transparentes. Por exemplo, o combate à corrupção e à criminalidade económico-financeira só é possível graças à força de uma imprensa livre e de uma opinião pública informada. Toda a atitude antiética e esquiva não passa de uma canhestra tentativa de acorrentar os princípios universais da liberdade de imprensa.
A imprensa não existe para agradar.O seu compromisso é com a verdade e com os diferentes públicos. Precisamos dos dois olhos bem abertos."
Rui Rangel
É preciso abrir o olho, porque as novas tendências políticas não gostam de poderes livres e independentes, que fiscalizam, que questionam, que querem saber mais, porque a sua missão é a busca da verdade.
A verdade é que não precisávamos deste relatório para sentir no ar este cheiro asfixiante, que se revela de múltiplas maneiras. O cidadão tem de estar com os olhos bem abertos, porque a liberdade de imprensa é um valor que lhe pertence. É em nome dele que ela existe, por isso tem obrigação de a defender. Esperar que seja o poder político, as empresas de comunicação ou os jornalistas a defenderem a liberdade de imprensa é não querer acordar de um sonho.
Não vale a pena recorrer a interpretações enganosas para afirmar que tal acontece porque a forma de comunicar mudou ou porque o jornalismo já não funciona como funcionava. O mal não está na mudança, mas na substância, ou seja, no tipo de jornalista que temos e no jornalismo praticado. A subserviência, o jornalista de coluna vergada, a ausência de consciência ética da profissão e a não assumpção de uma cultura de responsabilidade estão a matar a liberdade de imprensa. A nova ordem comunicacional, com uma lógica empresarial que alterou os métodos e a forma de conceber e fazer jornalismo, não pode ser a única responsável. Sabemos que temos uma sociedade civil fraca e pouco exigente, mas é importante ter consciência desta realidade.
Como o mundo caminha, os governos vão ter cada vez mais dificuldades em passar as suas mensagens políticas e em fazer uma governação honesta. Estamos a viver o tempo das manigâncias e dos compadrios na arte da governação. A denúncia pública destes comportamentos e a identificação dos seus autores só é possível com uma comunicação social forte e credível.
O que está em jogo, para além da garantia constitucional da liberdade de imprensa, é o direito que a sociedade tem de ser informada. Sem dúvida que a democracia cresce quando os média têm trajectórias claras e transparentes. Por exemplo, o combate à corrupção e à criminalidade económico-financeira só é possível graças à força de uma imprensa livre e de uma opinião pública informada. Toda a atitude antiética e esquiva não passa de uma canhestra tentativa de acorrentar os princípios universais da liberdade de imprensa.
A imprensa não existe para agradar.O seu compromisso é com a verdade e com os diferentes públicos. Precisamos dos dois olhos bem abertos."
Rui Rangel
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