segunda-feira, novembro 09, 2009

Ei-los que partem

"Tragédias como a do desabamento do túnel de Andorra lembram-nos que Portugal é um país de novos emigrantes. Milhares de pessoas sem emprego ou futuro que têm de abandonar o País para ter trabalho com um salário digno.

Em muitos concelhos do Interior, especialmente no Norte e Centro, não há alternativas de emprego e escasseiam iniciativas empresariais que fixem as populações. A emigração, mesmo que seja sazonal, é a opção mais viável. Há aldeias de Trás-os-Montes, da Beira e dos concelhos mais periféricos do distrito do Porto que têm mais gente a trabalhar nas obras de Espanha, Suíça ou Luxemburgo do que a laborar na região de origem.

A debilidade económica do País acentuará mais esta tendência. Um país que tem um défice externo ainda maior do que o défice orçamental está condenado ao empobrecimento doloroso. E o perfil dos emigrantes não será apenas o dos portugueses que abandonaram precocemente a escola e vão trabalhar nas obras ou nos serviços menos qualificados. Os jovens recém-licenciados já são hoje vítimas do empobrecimento.

Sem crescimento sustentado da economia, continuaremos a assistir as novas ondas de emigração. Como escreveu Manuel Freire: “Ei-los que partem, novos e velhos, buscando a a sorte noutras paragens
.”

Armando Esteves Pereira

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