Sucata de regime
"O nosso regime político está a transformar-se numa verdadeira sucata, com ‘sucateiros’ a mais e homens de virtudes a menos. O regime político-partidário, as ligações entre o poder de quem governa e os interesses instalados de certos grupos, as escolhas para os cargos e o tráfico de influências não souberam, ou melhor, não quiseram, adaptar-se aos valores da democracia.
Não é a democracia que é má. São os homens deste tempo, na procura dos seus interesses pessoais e particulares, que pouco fazem para melhorar a qualidade da democracia. O que interessa não é a qualidade do regime democrático ou a melhoria da vida dos portugueses mas a qualidade da sua carteira e da sua barriga, que cresce na proporção do crescimento dos seus bolsos. A sucata do regime tem saído vencedora, minando os alicerces do Estado de Direito.
As boas práticas, a ética de comportamento, em suma, os valores que enobrecem a democracia, têm perdido esta luta. E a triste realidade é que este lixo tóxico torna quase insustentável a vida em democracia, porque arrasta consigo os outros segmentos da sociedade. Desde a justiça à saúde, ao ambiente, até ao sector financeiro, tudo paga, em decréscimo de imagem e de credibilidade.
Mais importante para o País do que os grandes investimentos e obras é salvar o regime, dando um destaque cimeiro aos valores, aos princípios da honra, da probidade e da seriedade. É não permitir que Portugal se transforme num país de ‘sucateiros’, seja no poder político, no governo, na justiça, na banca ou nas finanças. É não permitir que gente séria e honesta seja arrastada nas ‘águas’ deste lixo. É defender o bom-nome dos homens públicos que não se deixam cair nesta tentação. É impor regras claras e rigorosas nos negócios do Estado, designadamente na contratação pública, porque quando o negócio ‘descarrila’ são sempre os mesmos que pagam. É impor um período significativo de nojo a quem sai do Governo ou de outros cargos públicos relevantes, evitando que salte de cargo em cargo, consoante as conveniências. É simplificar as leis, libertando-as das teias burocráticas e complexas que, muitas vezes, só servem para justificar e legitimar o favor do grande homem público, o salvador do negócio. É, no limite, criar regras – consensuais para o cidadão embora não para muitos políticos – de obrigar quem detém o poder público e o utiliza em seu próprio benefício a deixar, de imediato, vago o ‘lugarzinho’.
Um regime político que não é de sucata só pode ser implacável com os ‘sucateiros’ do regime. Só assim, para quem ainda acredita na redenção, se pode salvar o homem e melhorar o regime político."
Rui Rangel
Não é a democracia que é má. São os homens deste tempo, na procura dos seus interesses pessoais e particulares, que pouco fazem para melhorar a qualidade da democracia. O que interessa não é a qualidade do regime democrático ou a melhoria da vida dos portugueses mas a qualidade da sua carteira e da sua barriga, que cresce na proporção do crescimento dos seus bolsos. A sucata do regime tem saído vencedora, minando os alicerces do Estado de Direito.
As boas práticas, a ética de comportamento, em suma, os valores que enobrecem a democracia, têm perdido esta luta. E a triste realidade é que este lixo tóxico torna quase insustentável a vida em democracia, porque arrasta consigo os outros segmentos da sociedade. Desde a justiça à saúde, ao ambiente, até ao sector financeiro, tudo paga, em decréscimo de imagem e de credibilidade.
Mais importante para o País do que os grandes investimentos e obras é salvar o regime, dando um destaque cimeiro aos valores, aos princípios da honra, da probidade e da seriedade. É não permitir que Portugal se transforme num país de ‘sucateiros’, seja no poder político, no governo, na justiça, na banca ou nas finanças. É não permitir que gente séria e honesta seja arrastada nas ‘águas’ deste lixo. É defender o bom-nome dos homens públicos que não se deixam cair nesta tentação. É impor regras claras e rigorosas nos negócios do Estado, designadamente na contratação pública, porque quando o negócio ‘descarrila’ são sempre os mesmos que pagam. É impor um período significativo de nojo a quem sai do Governo ou de outros cargos públicos relevantes, evitando que salte de cargo em cargo, consoante as conveniências. É simplificar as leis, libertando-as das teias burocráticas e complexas que, muitas vezes, só servem para justificar e legitimar o favor do grande homem público, o salvador do negócio. É, no limite, criar regras – consensuais para o cidadão embora não para muitos políticos – de obrigar quem detém o poder público e o utiliza em seu próprio benefício a deixar, de imediato, vago o ‘lugarzinho’.
Um regime político que não é de sucata só pode ser implacável com os ‘sucateiros’ do regime. Só assim, para quem ainda acredita na redenção, se pode salvar o homem e melhorar o regime político."
Rui Rangel
1 Comments:
A mim parece-me que este suposto País ainda vai acabar na Arranhó!
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