Ferro-velho
"Os cépticos da ingerência estatal deviam pôr os olhinhos no "caso" da sucata, que envolve, entre diversas sumidades, Armando Vara, a fascinante família Penedos e outro sucateiro menos célebre. O elo comum ao arranjo? As empresas relativamente públicas, as quais não só fomentam emprego como permitem que, mediante as "lembranças" da praxe, se ganhe algum por fora.
O engraçado é que quando uma crise financeira destapa os desonestos que se movem no sistema financeiro, não faltam profetas a decretar o colapso do capitalismo. Já quando se revelam os cidadãos pouco sérios que cirandam na órbita (ou no interior) do poder político, ninguém reclama a queda de um sistema intervencionista que tudo vigia e tutela, com a agravante de que a aposta na banca é voluntária e o "investimento" no Estado compulsivo.
No máximo, levanta-se (desta vez, curiosamente sem grande empenho) a habitual meia dúzia de vozes contra o "bloco central de interesses", na convicção de que as clientelas do PS e do PSD é que desvirtuam a natureza essencialmente benigna do Estado. Porém, se não estou em erro, sucede o inverso: preferências ideológicas à parte, mexer em dinheiro alheio e fácil termina fatalmente nas "influências" que aqui, sob uma economia seminacionalizada e paternal que partido nenhum e raros empresários contestam, se ergueu a modo de vida.
Podíamos viver sem um Estado extenso e a corrupção inerente? Podíamos, mas não era a mesma coisa. E a aparição da senhora procuradora Cândida Almeida, que logo irrompeu pela imprensa a debitar palpites acerca da "Operação Face Oculta", é quase uma garantia de que, dissipado o ruído indignado do costume, a coisa continuará a ser a mesma."
Alberto Gonçalves
O engraçado é que quando uma crise financeira destapa os desonestos que se movem no sistema financeiro, não faltam profetas a decretar o colapso do capitalismo. Já quando se revelam os cidadãos pouco sérios que cirandam na órbita (ou no interior) do poder político, ninguém reclama a queda de um sistema intervencionista que tudo vigia e tutela, com a agravante de que a aposta na banca é voluntária e o "investimento" no Estado compulsivo.
No máximo, levanta-se (desta vez, curiosamente sem grande empenho) a habitual meia dúzia de vozes contra o "bloco central de interesses", na convicção de que as clientelas do PS e do PSD é que desvirtuam a natureza essencialmente benigna do Estado. Porém, se não estou em erro, sucede o inverso: preferências ideológicas à parte, mexer em dinheiro alheio e fácil termina fatalmente nas "influências" que aqui, sob uma economia seminacionalizada e paternal que partido nenhum e raros empresários contestam, se ergueu a modo de vida.
Podíamos viver sem um Estado extenso e a corrupção inerente? Podíamos, mas não era a mesma coisa. E a aparição da senhora procuradora Cândida Almeida, que logo irrompeu pela imprensa a debitar palpites acerca da "Operação Face Oculta", é quase uma garantia de que, dissipado o ruído indignado do costume, a coisa continuará a ser a mesma."
Alberto Gonçalves
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