Recursos desperdiçados
"Por regra, a cantiga de que os portugueses não valorizam o que têm de bom é uma desculpa para não se criticar o que temos de péssimo. Às vezes, curiosamente, a cantiga é verdadeira.
Veja-se o sucedido com os exames de português para imigrantes, de que, afinal, uma considerável parte não era realizada pelos candidatos à aquisição de nacionalidade, mas por familiares, amigos ou prestadores de serviços contratados. O SEF reparou na fraude e deteve noventa e tal sujeitos. Incompreensivelmente, não houve autoridade que reparasse no que de facto interessa: o pormenor de que existe por aí gente com um domínio mínimo da nossa língua, raridade que, ao invés de cadeia, devia dar direito a cargos de responsabilidade nos sectores privado e público, incluindo, a julgar pelas limitações verbais do sr. secretário de Estado da Educação, no próprio Governo. Prender esses indivíduos é desperdiçar recursos de que o País carece e que, dada a exigência nula dos respectivos testes, os meninos e meninas do ensino secundário não prometem preencher.
É possível, admito, que a aparente taxa de sucesso nos exames para estrangeiros se justifique pela sua facilidade. Ainda assim, não podem ser tão fáceis quanto os do "secundário", ou então qualquer cidadão do Burkina Faso chegado anteontem à Portela os teria feito. E, como a bem intencionada porém cega acção do SEF revelou, não os fez. "
Alberto Gonçalves
Veja-se o sucedido com os exames de português para imigrantes, de que, afinal, uma considerável parte não era realizada pelos candidatos à aquisição de nacionalidade, mas por familiares, amigos ou prestadores de serviços contratados. O SEF reparou na fraude e deteve noventa e tal sujeitos. Incompreensivelmente, não houve autoridade que reparasse no que de facto interessa: o pormenor de que existe por aí gente com um domínio mínimo da nossa língua, raridade que, ao invés de cadeia, devia dar direito a cargos de responsabilidade nos sectores privado e público, incluindo, a julgar pelas limitações verbais do sr. secretário de Estado da Educação, no próprio Governo. Prender esses indivíduos é desperdiçar recursos de que o País carece e que, dada a exigência nula dos respectivos testes, os meninos e meninas do ensino secundário não prometem preencher.
É possível, admito, que a aparente taxa de sucesso nos exames para estrangeiros se justifique pela sua facilidade. Ainda assim, não podem ser tão fáceis quanto os do "secundário", ou então qualquer cidadão do Burkina Faso chegado anteontem à Portela os teria feito. E, como a bem intencionada porém cega acção do SEF revelou, não os fez. "
Alberto Gonçalves
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