Antes em pêlo do que de burqa
"Nicolas Sarkozy deverá aprovar em breve uma lei que proíbe o uso do véu integral nos serviços públicos, transportes e hospitais de França, após a Assembleia Nacional ter entendido que a burqa representa tudo aquilo que o país "espontaneamente rejeita".
Como seria de esperar, um coro de vozes indignadas e muito ciosas do seu multiculturalismo logo começaram a fazer-se ouvir. Que a proibição é um atentado às liberdades individuais. Que é uma ofensa a todos os muçulmanos. Que é inventar um problema onde ele não existe, já que se estima que apenas duas mil mulheres muçulmanas usem burqa ou niqab em França.
Pois eu digo: são duas mil a mais. É provável que também sejam menos de duas mil as que praticam excisão – e isso não torna a sua prática mais aceitável. Proibir mesquitas de terem minaretes, como há pouco aconteceu na Suíça, é uma agressão gratuita e sem sentido a uma religião. Impedir a exibição pública de uma cultura de subalternização e humilhação da mulher é um dever democrático, mesmo que estejamos a falar de uma gota de água no oceano islâmico francês.
É que não se trata aqui de uma questão de números, mas sim de princípios. A burqa não é o último grito da moda Outono-Inverno – é um símbolo evidente da subjugação da mulher, que não tem de ser permitido num país que tem na liberdade e na igualdade dois dos seus valores fundadores. Se eu decidir neste momento abandonar os trapinhos que revestem o meu triste corpo, abrir a porta da rua e ir exibir as minhas partes pudendas para o meio da praça, também estou a fazer uso da minha liberdade individual. Mas ainda assim acabarei enjaulado por atentado ao pudor. Ora, uma mulher escondida debaixo de um pano preto é muito mais impudico do que um homem em pêlo. Sarkozy, por uma vez, tem toda a razão. "
João Miguel Tavares
Como seria de esperar, um coro de vozes indignadas e muito ciosas do seu multiculturalismo logo começaram a fazer-se ouvir. Que a proibição é um atentado às liberdades individuais. Que é uma ofensa a todos os muçulmanos. Que é inventar um problema onde ele não existe, já que se estima que apenas duas mil mulheres muçulmanas usem burqa ou niqab em França.
Pois eu digo: são duas mil a mais. É provável que também sejam menos de duas mil as que praticam excisão – e isso não torna a sua prática mais aceitável. Proibir mesquitas de terem minaretes, como há pouco aconteceu na Suíça, é uma agressão gratuita e sem sentido a uma religião. Impedir a exibição pública de uma cultura de subalternização e humilhação da mulher é um dever democrático, mesmo que estejamos a falar de uma gota de água no oceano islâmico francês.
É que não se trata aqui de uma questão de números, mas sim de princípios. A burqa não é o último grito da moda Outono-Inverno – é um símbolo evidente da subjugação da mulher, que não tem de ser permitido num país que tem na liberdade e na igualdade dois dos seus valores fundadores. Se eu decidir neste momento abandonar os trapinhos que revestem o meu triste corpo, abrir a porta da rua e ir exibir as minhas partes pudendas para o meio da praça, também estou a fazer uso da minha liberdade individual. Mas ainda assim acabarei enjaulado por atentado ao pudor. Ora, uma mulher escondida debaixo de um pano preto é muito mais impudico do que um homem em pêlo. Sarkozy, por uma vez, tem toda a razão. "
João Miguel Tavares
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