sexta-feira, janeiro 08, 2010

A comédia do Orçamento

"O drama do Orçamento vai transformar-se numa comédia romântica, ao estilo de Hollywood. Só resta saber por quem se apaixonará o PS: se pelo PSD, se pelo PP. Ou se pelos dois ao mesmo tempo. Mas mesmo com tanta paixão em nome do bem dos cidadãos, sabe-se o que pensa Sócrates. Ou seja, o Orçamento é gerido por nós mas o problema é vosso. A discussão do Orçamento é o momento mais emocionante de cada sessão legislativa. Mas, independentemente dos ganhos eleitorais futuros de cada partido que o aprova, ele simboliza a tentação histórica do Estado português. O OGE é o lobo cobiçoso da "Divina Comédia" de Dante: o seu apetite nunca está saciado. Fugir a este predador é complicado, mesmo que Portugal se aproxime vertiginosamente da tentação grega. Sabe-se que o serviço da dívida aliado a um défice orçamental colossal e à crescente pobreza da classe média podem colocar o País no caminho da mendicidade, mas isso parece incomodar muito pouco o Governo e a Oposição, mais tentados pelos seus ganhos em futuras eleições.

É aqui que a história de Dante é atirada para o lixo e é substituída pela mais excitante aventura do Lobo e dos três porquinhos. Ainda não se sabe quem é o Cícero, quem é o Heitor e quem é o Prático desta história. A fragilidade da casa de Cícero e Heitor é conhecida. E não se sabe se algum partido conseguirá fazer de Prático, contra as investidas de um Estado vestido de lobo, que devora tudo o que descortina pela frente. Não é a aprovação de um Orçamento sensato que salvará Portugal. Mas pode ser um sinal de bom senso
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Fernando Sobral

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