Tanto mar, tanta água
"Há 20 anos os desígnios de Portugal eram dois: o mar e as indústrias criativas. Depois Michael Porter repetiu o diagnóstico. Em 2010 o futuro chegou e cumpre-se como farsa. Não é grave: é o destino. A revolução industrial demorou um século a chegar a Portugal. A indústria criativa e a do mar talvez demore menos tempo. Queremos, mas não sabemos. Portugal é míope: confunde "clusters" com pirilampos.
E a realidade com a ficção. Durante anos confundimos competitividade com baixos salários. Quando o paradigma rebentou como uma bola de sabão ficámos salpicados. Em Portugal corremos como um ratinho numa roda. Suamos e não chegamos a lado nenhum. Há quem lhe chame o fenómeno Wal-Mart: forneces e eles espremem-te cada vez mais. O caminho da Autoeuropa exemplifica o fado: cada vez ela vai tendo menos ligação à indústria portuguesa. Não é o Fado do Embuçado, é o Fado do Ensacado. Um dia acordamos e teremos uma nova Qimonda: incorporamos salários. O desígnio de um Portugal pobre é descobrir que não basta falar do mar e das indústrias criativas.
É olhar para a frente e concretizar o que sonha.
O que é necessário é criar marcas próprias globais e valências nacionais. Portugal tornou-se, com algumas honrosas excepções, um "garçon" da Europa.
O negócio, no entanto, não é apenas servir com vénia: é criar marcas próprias de serviços. Portugal só sonha com o futuro quando treme com o presente. Depois da revolução Chico Buarque mandou-mos uma carta musicada. Está lá tudo: "Sei que há léguas a nos separar/Tanto mar, tanto mar/Sei também que é preciso, pá/Navegar, navegar".
Fernando Sobral
E a realidade com a ficção. Durante anos confundimos competitividade com baixos salários. Quando o paradigma rebentou como uma bola de sabão ficámos salpicados. Em Portugal corremos como um ratinho numa roda. Suamos e não chegamos a lado nenhum. Há quem lhe chame o fenómeno Wal-Mart: forneces e eles espremem-te cada vez mais. O caminho da Autoeuropa exemplifica o fado: cada vez ela vai tendo menos ligação à indústria portuguesa. Não é o Fado do Embuçado, é o Fado do Ensacado. Um dia acordamos e teremos uma nova Qimonda: incorporamos salários. O desígnio de um Portugal pobre é descobrir que não basta falar do mar e das indústrias criativas.
É olhar para a frente e concretizar o que sonha.
O que é necessário é criar marcas próprias globais e valências nacionais. Portugal tornou-se, com algumas honrosas excepções, um "garçon" da Europa.
O negócio, no entanto, não é apenas servir com vénia: é criar marcas próprias de serviços. Portugal só sonha com o futuro quando treme com o presente. Depois da revolução Chico Buarque mandou-mos uma carta musicada. Está lá tudo: "Sei que há léguas a nos separar/Tanto mar, tanto mar/Sei também que é preciso, pá/Navegar, navegar".
Fernando Sobral
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