quarta-feira, maio 19, 2010

"Quem se deita com miúdos, acaba molhado"

"Sérgio Sousa Pinto considerou degradante a ideia, ventilada por Luís Amado, de incluir limites ao défice e dívida pública na Constituição: "É uma ideia infeliz e mais infeliz é num momento histórico em que o poder político se impõe ao BCE».

Sousa Pinto é o exemplo de políticos europeus que não sabem o que andam a dizer. Não percebem que politizar bancos centrais é submeter a política monetária aos ciclos eleitorais. Coisa que nos anos 70 e 80 deu cabo do poder de compra de milhões de famílias europeias. Alguém devia explicar ao deputado que bancos centrais independentes são a melhor protecção para o aforro e poder de compra das classes com menos posses. E que os alemães, que se deram muito bem com um banco central independente durante 50 anos, não estão para aturar os Sérgios Sousa Pintos desta vida (50% de alemães querem regressar ao Marco). Porque já perceberam que, há dez anos, em vez de se deitarem com graúdos, deitaram-se com miúdos. E como diz o ditado, quem se deita com miúdos acaba molhado.

P.S1 - "Como vê o Banif ainda não foi vendido ao BCP". Era com este fino humor que, volta e meia, Horácio Roque me recordava uma notícia que há 15 anos dei na "Exame". Mas sem ele o banco que fundou e fez crescer vai continuar sozinho?

P.S2 - Fernando Ulrich tem razão quando diz que estamos quase a bater "na parede". Mas um banqueiro não pode falar assim: o alarme daí resultante pode acender um rastilho (v.g.fuga de capitais) de consequências imprevisíveis. Os outros banqueiros disseram o mesmo num tom diferente? Sim. Mas se há sector onde o tom conta, é o da banca
."

Camilo Lourenço

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