Um sucesso de bilheteira
"Não imagino nada de muito pior do que centenas de profissionais das "artes", leia-se sobretudo do teatro, do cinema e da dança, reunidos numa sala. O caso muda radicalmente de figura se, em vez de ameaçarem actuar, os profissionais em causa ameaçarem não actuar. Felizmente, foi a segunda hipótese a verificada no Maria Matos, em Lisboa, onde 600 vultos da Cultura (note-se que observei a maiúscula) se juntaram um destes dias em assembleia para protestar contra os "cortes" de 20% no sector e contra a ministra que os assina.
Contas feitas, o encontro resultou numa lista de sete exigências a enviar ao eng. Sócrates, entre as quais "o respeito pelos artistas e criadores portugueses" e "o fim do discurso da subsídiodependência por parte do Governo". São propostas justas, porém mal endereçadas. Seria mais interessante que se propusesse acabar com o discurso da "subsídiodependência" (sic) por parte dos "artistas" e "criadores" portugueses, que assim dariam um passo decisivo rumo à respeitabilidade.
De resto, embora esteja sinceramente convicto da culpa do eng. Sócrates em cerca de 83,60% das desgraças que nos abalam, nesta matéria o homem está inocente. Por mim, acho óptimo que os espectáculos sejam financiados com dinheiro público: o dinheiro que o público deseja gastar com os ditos. Se o público não está para aí virado, é capaz de ser ligeiramente ofensivo assaltar-lhe os rendimentos de modo a financiar produtos que apenas excitam jurados de festivais prestigiados, críticos da imprensa prestigiada e amigalhaços com prestígio em geral, os quais gostam dos produtos sobretudo porque não os pagam.
Nisso, são o oposto do contribuinte indígena, que evita consumir as "artes" indígenas a todo o custo mas não consegue evitar pagá-las: depois dos ameaços, o Governo deu tipicamente o dito pelo não dito e reduziu os "cortes" para 12,5%. A mendicância é a única arte nacional de êxito garantido."
Alberto Gonçalves
Contas feitas, o encontro resultou numa lista de sete exigências a enviar ao eng. Sócrates, entre as quais "o respeito pelos artistas e criadores portugueses" e "o fim do discurso da subsídiodependência por parte do Governo". São propostas justas, porém mal endereçadas. Seria mais interessante que se propusesse acabar com o discurso da "subsídiodependência" (sic) por parte dos "artistas" e "criadores" portugueses, que assim dariam um passo decisivo rumo à respeitabilidade.
De resto, embora esteja sinceramente convicto da culpa do eng. Sócrates em cerca de 83,60% das desgraças que nos abalam, nesta matéria o homem está inocente. Por mim, acho óptimo que os espectáculos sejam financiados com dinheiro público: o dinheiro que o público deseja gastar com os ditos. Se o público não está para aí virado, é capaz de ser ligeiramente ofensivo assaltar-lhe os rendimentos de modo a financiar produtos que apenas excitam jurados de festivais prestigiados, críticos da imprensa prestigiada e amigalhaços com prestígio em geral, os quais gostam dos produtos sobretudo porque não os pagam.
Nisso, são o oposto do contribuinte indígena, que evita consumir as "artes" indígenas a todo o custo mas não consegue evitar pagá-las: depois dos ameaços, o Governo deu tipicamente o dito pelo não dito e reduziu os "cortes" para 12,5%. A mendicância é a única arte nacional de êxito garantido."
Alberto Gonçalves
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