quarta-feira, dezembro 29, 2010

O trapézio da honestidade

"O País vive como um trapezista, em equilíbrio instável. E não sabe se, quando cair, há uma rede para lhe amparar o flácido corpo.

Não é isso que preocupa a classe política nacional, entretida agora a discutir se a pobreza é, ou não, um tema eleitoral. A preocupação ociosa da gongórica Edite Estrela sobre a honestidade de Cavaco Silva mostra a debilidade oca em que caiu o sítio. Discutem-se curiosidades científicas, esquece-se a realidade das coisas. Nada muda e nada se transforma. O Governo prepara-se, aparentemente, para mais um truque de magia. Qual Houdini, vai criar um Conselho de Finanças Públicas cuja missão seria escrutinar de forma independente as contas do País.

Mas será o Governo a definir quem o fiscalizará, um dote de honestidade que não surpreenderá por certo a linear Edite Estrela. Ao mesmo tempo, demonstrando o apego à honestidade intelectual, a maior Câmara do País, a de Lisboa, continua a sua saga de santificação da taxa como caminho mais directo para o céu. Assim, às diferentes taxas já existentes e à delirante do subsolo vai agora tentar juntar a da Protecção Civil.

O simpático BE também já deu uma ideia: a taxa sobre os Multibancos. A honestidade destas ideias está à vista: em vez de conterem despesas, os municípios alargam receitas até ao absurdo para continuarem a sua vidinha do costume. É este desprezo pela honestidade intelectual que permitirá criar um monstrengo no Largo do Rato, ao arrepio de qualquer lógica de bom senso urbano ou ecológico. A honestidade é hoje uma mercadoria. Está em saldo na loja dos 300 da política
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Fernando Sobral

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