segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Competência e credibilidade

"Lembram-se de quando a crise era internacional? E de quando Portugal se limitava a ser levemente beliscado pela crise dos outros? E de quando as sábias e imediatas medidas do Governo impediram que os beliscões da crise se sentissem aqui como se sentiam lá fora?

Eu não me lembro. Lembro-me de o eng. Sócrates, acompanhado por resmas de comentadores e boa parte do eleitorado, desenvolver semelhante tese. Mas também me lembro de pertencer ao pequenino grupo de excêntricos (ou "bota-abaixistas", em português técnico) que achava a tese uma mentira desavergonhada e acreditava que, nas palavras de uma particular excêntrica que até liderou a oposição (com pífios resultados), a temível crise inter-nacional sumiria num ápice e deixaria a crise caseira destapada e sem remédio.

Por incrível que pareça, passaram-se dois anos e a divergência não se resolveu. De um lado, estão os factos, os quais mostram que o país possui a quinta maior taxa de desemprego entre os 39 membros da OCDE, é o único na "zona euro" (além da Grécia) a sofrer uma redução no PIB no último trimestre, vê os juros da dívida quebrarem recordes e é dos raríssimos estados ocidentais em recessão, isto para usar a arreliadora expressão do governador do Banco de Portugal. Do outro lado, está o eng. Sócrates, que continua a insistir que este retrato da penúria é um "óptimo indicador" para a evolução da economia nacional em 2011.

Sobretudo incrível é a circunstância de, entretanto, o eng. Sócrates não ter ficado a falar sozinho. Nos media e nas sondagens, o número dos que preterem as evidências em favor da optimista cabeça do primeiro-ministro permanece considerável. Como se o delírio colectivo não bastasse, agora até há um líder da oposição que aproveita cada oportunidade para criticar imenso o Governo e, nos momentos decisivos, garantir a respectiva continuidade
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Alberto Gonçalves

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