segunda-feira, junho 06, 2011

O harakiri benfiquista

"Como nos seus tempos áureos o Benfica prepara-se para desintegrar o balneário e construir outro de raiz.


Ou seja, tudo o que deveria ter aprendido nos últimos anos, está novamente a pôr em causa. Quando se muda mais de meio plantel por época é porque se deseja cometer um harakiri pouco saudável. No meio de investigações sobre os contratos do sr. Roberto e do sr. Júlio César, o presidente encarnado, o sr. Luís Filipe Vieira acha que o clube se distraiu por ter andado em festa constante após ter ganho a Liga. É verdade. Poderíamos até dizer mais: começou a ser irresponsável ainda antes de a ganhar, pois era evidente que o sr. Di Maria e o sr. Ramires iam sair e não tratou, a tempo, de contratar jogadores à altura para os seus lugares. E quando, inevitavelmente, o sr. David Luiz foi embora, o que estava à mão era o sr. Jardel. Isto para já não falar desse milagre da engenharia financeira ou de visão empresarial, consoante a opinião, que foi a aquisição do sr. Roberto.

Ou seja: o Benfica, com o sr. Vieira mais ou menos perto do futebol, continua a ser um clube amador para quem deseja estar a lutar sempre pelo título e quer regressar em força aos palcos europeus. Para ter acontecido isso este ano o sr. Jorge Jesus teria de não ter pensado que era um enviado celestial à Terra e a equipa teria de não ter começado o campeonato sem substitutos à altura para quem tinha saído. Os erros pagam-se caro. E a miserável participação na Liga, na Liga dos Campeões e o estertor de uma equipa sem ideias e sem força física e anímica frente ao Sporting de Braga mostram que esta foi uma temporada perdida.

Para contrabalançar este desastre, o sr. Vieira promete estar mais perto do futebol encarnado, como se nunca tivesse tido nada a ver com ele. E está a operar mais uma das famosas tácticas desastrosas: compra-se meia equipa e empandeira-se outra metade. Este ano a política tem uma "nuance": com os apertos da UEFA o clube foi repescar alguns bons valores que tem tido a rodar noutros clubes. Mas que dificilmente terão espaço no 11 inicial que, mais uma vez, parecerá uma Legião Estrangeira sem uma espinha dorsal credível. Bastava o sr. Vieira olhar para o Barcelona e para o Real Madrid para perceber qual o modelo a seguir. Ou, simplesmente, bastava adaptar o que faz o FC Porto.

A acreditar na imprensa desportiva vão aportar à Luz mais uma dúzia e meia de craques de todas as nacionalidades, que não vão ser adquiridos porque é preciso um excelente defesa-esquerdo para colmatar a saída do sr. Coentrão, um médio direito para substituir o sr. Ramires (ou o sr. Salvio) e um defesa-central para o lado do sr. Luisão. O Benfica compra por atacado, sem rigor e, sobretudo, com pouca inteligência. Não é um clube de futebol. É uma loja dos 300
."

Fernando Sobral

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