sexta-feira, junho 03, 2011

A vida horrível que Passos Coelho deseja. E vai ter

"Não! Primeiro, porque não tenho o talento e as qualidades que um primeiro-ministro deve ter. Segundo, porque ser primeiro-ministro é ter uma vida na dependência mais absoluta de tudo, sem ter tempo para mais nada. É uma vida horrível e que eu não desejo. Ministro é o meu limite. Aceitei pagar este preço. Mas nada mais do que isso”.

A pergunta - "engenheiro José Sócrates, vamos vê-lo, um dia, primeiro-ministro?" - é do DNA e data de Setembro de 2000. Como a resposta. Ao tempo, presumivelmente verdadeira.

Sócrates sai mal. Não fez tudo mal, mas perde sem honra ou pingo de glória. Porque fez mal, quando podia e devia ter sido recto. Um exemplo, recente: ele sabia e agora todos sabem que se comprometeu a um "corte substancial das contribuições patronais para a segurança social". Está escrito no memorando de entendimento com o FMI. Na procura do que não se deseja, nega-se uma baixa substancial da taxa social única que implica um aumento de impostos - é disso que se trata -, torce-se a realidade, diz-se que a coisa está em estudo. Ou seja, mente-se.

Sócrates sai azedo com um mundo que o descobriu - e quantas vezes o bajulou, da política, das empresas, das corporações, dos títulos: "Que grande primeiro-ministro!". E uma grande fatia desse mundo divide o tempo num tempo bom - que é sempre o do começo - e num tempo mau - que, normalmente, vem no fim. Vira costas e segue para o outro lado. Sócrates merece, porque, provavelmente, foi verdadeiro na resposta ao DNA. Há 11 anos.

Segue-se Pedro Passos Coelho. Não se lhe conhece - não conhecemos - qualquer queixume sobre a vida que procura. E vai encontrar. É um bom começo. Como não é mau, o exemplo, recente, para o exercício do cargo: não é para "dar empregos ao PSD". Tenhamos fé. Eles fazem fila. E já se atropelam
. "

Raul Vaz

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