quinta-feira, julho 21, 2011

Adiem as férias por uns bons anos

"Veja-se o que se passa na União Europeia. Atente-se melhor no que dizem todos os dias os principais responsáveis europeus. Perceba-se que o que se passa nos Estados Unidos vai muito para além de um conflito entre democratas e republicanos com as presidenciais de 2012 no horizonte. Importa também não atirar para debaixo do tapete a evolução económica da China. E, já agora, é bom pôr definitivamente os pés na terra e perceber que Portugal está a viver uma das suas piores crises de sempre. Ainda por cima numa altura em que o destino desta pátria não depende exclusivamente do cumprimento rigoroso do Memorando da troika e das reformas estruturais prometidas pelo governo. Importa, mais do que nunca, dizer a verdade. Os sacrifícios em curso e os que vêm já a seguir podem ser pura e simplesmente inúteis.

Todos os cenários têm de estar em cima da mesa, sem optimismos bacocos e inconsequentes, apelos à confiança e outras balelas que não só não convencem ninguém como são profundamente irritantes. A realidade aí está, com toda a sua brutalidade. E o pior ainda está para vir. É natural por isso que até um homem prudente e sabedor como Paulo Rangel venha alertar para a possibilidade de uma nova guerra. Não de palavras, não económica, não financeira, mas a sério. Com armas a sério, com feridos a sério, com mortos a sério e com muitas desgraças a sério. A tempestade perfeita, como alguns já lhe chamam, está a formar-se. Os sinais estão todos aí, cá e lá fora, a oriente e a ocidente, do lado de cá e de lá do Atlântico. É neste quadro que há coisas que deixam de fazer sentido e são manifestamente imorais.

Andar por aí a discutir duas ou três semanas de férias dos deputados é uma delas. É evidente que muita gente pensa que podem todos ir a banhos. Que a sua presença em S. Bento não aquece nem arrefece. Mas há sempre o exemplo e a sua total disponibilidade para discutir e votar muitas medidas, as da troika e as outras que o governo vai por certo apresentar a grande velocidade. Com uma certeza. As discussões têm de ser rápidas e as decisões tomadas em tempo útil, ao contrário do que é habitual na Assembleia da República. Os senhores representantes da nação não podem esquecer que o país vive uma emergência, que há milhões de pessoas que vão sofrer na pele as consequências deste terrível tsunami económico e social e que perder tempo é simplesmente criminoso.

Os rituais e os salamaleques democráticos são muito bonitos, há mesmo quem os considere fundamentais, mas em tempo de guerra não se limpam armas. A palavra de ordem deve ser o trabalho, por muito que isso custe a uma casa, por acaso da democracia, em que uma boa parte dos deputados entram incógnitos e saem sem ninguém dar por eles, fruto do anacrónico sistema eleitoral que os principais partidos, leia-se PSD e PS, insistem em manter contra tudo e contra todos por uma mera atitude conservadora de defesa dos aparelhos partidários. Mas como não é esta a altura para discussões estéreis, o que se pede aos deputados é que se mantenham firmes nos seus lugares, prontos a levantar as mãos depressa e bem
. "

António Ribeiro Ferreira

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nos anos setenta em que criticava os Estados Unidos e Reino Unido
pelo fornecimento e venda de material informático, armas sofisticadas,
camiões de guerra ,etc., à União Soviética e China, ao mesmo tempo que
milhares de soldados aliados eram mortos lutando contra as sua
próprias armas, quer na Coreia , quer no Vietname.
Passadas várias décadas o mesmo cenário repete-se mas desta
vez envolvendo a China e os Estados Unidos. Uns e outros estão
dependentes e estão condenados a entenderem-se devido à sua
interdependência financeira e comercial. Para os Estados Unidos
derrotados, não há salvação sem o Banco de Pequim, que compra dezenas
de biliões de dólares de títulos de tesouro. E para o principal
exportador mundial que é a China, não há crescimento sem acesso ao
mercado principal, o dos Estados Unidos da América.
Estamos na véspera de um recontro semelhante aos que o nosso
planeta conhece a intervalos regulares, a cada três ou quatro
gerações, assim que o líder afronta a potência em declínio,
enfraquecida pelas desordens financeiras e pelas intervenções
militares exteriores. A História tem-nos mostrado que essa batalha
pelo poder nunca ocorre de forma pacífica. Constitui, pelo contrário o
resultado de guerras violentas. Haverá que relembrar os conflitos que
despoletaram o avanço da Alemanha e do Japão na primeira metade do
século XX ou do Reino Unido e da França ainda antes disso?.
Em 2010 vários são os fenómenos que mutuamente se reforça,.
Após a queda do Muro o sistema geopolítico simplificou-se ainda mais
com o triunfo da ordem norte americana, do seu capitalismo. este foi
um breve período da hiper potência americana.A grave crise financeira
e económica que o Mundo conheceu depois de 2007 abalou as fundações
daquele mundo unipolar, porque esta crise não foi planetária. Foi uma
crise do mundo ocidental, e testou o modelo liberal, o seu crescimento
através do endividamento e o empolamento da finança que lhe está
associado. A prosperidade dos Estados unidos constituía aprova
material da sua supremacia geopolítica, tecnológica que contribuía
para a preservação do seu avanço em matéria militar e o seu
crescimento.
Tudo isso foi abalado. Ao sair da crise o Ocidente deixa para
trás uma dívida considerável que irá congestioná-lo durante anos, ou
mesmo como sucedeu aos Países mais vulneráveis da Europa, e levá-lo
para o abismo.

quinta-feira, julho 21, 2011  
Anonymous Anónimo said...

A China testemunhou apenas uma inflexão passageira no início
de 2009. Um ano depois a China alcançava recordes de crescimento com
progressos de dois algarismos enquanto a dívida se mantinha modesta. A
sua integração na economia mundial é bastante mais profunda do que a
do Brasil ou da Índia, não fazendo a Rússia mais do que vender
petróleo, matérias primas e armas. Possui um pecúlio considerável,
vantagem substancial num mundo vergado sob o peso do endividamento:
2500 mil milhões de dólares de reservas financeiras em divisas.
Quando há que procurar dinheiro sobre a terra, é à China que se é
forçado a render: em 2010 todos os caminhos da finança levam a Pequim.
A economia mundial está , de ora em diante, nas mãos dos chineses.
Enquanto em Setembro de 2008 no ano da falência da Lehman Brothers, o
banco de negócios norte americano cuja submersão desencadeou a crise
financeira, a China exibia o seu poder com a organização de cerimónias
faustosas e marciais, cujas imagens impressionaram o Mundo, como os
Jogos Olímpicos de Pequim em 2008,o aniversário da República Popular
em Outubro de 2009, ou a Exposição Internacional de Xangai em Maio de
2010.
Sobre os mares com uma modernização sem precedentes da sua
frota militar, tornou-se uma potência naval de primeiro plano. Na
Internet lança ataques quase quotidianos sobre alvos americanos,
empresas de tecnologia , atiçando as suas hordas de cibernautas.
Tudo isto foi possível pela venda durante anos de toda a
mais sofisticada ocidental à China tal como no século passado os Estados
Unidos vendiam ou cediam o mesmo tipo de tecnologia à União Soviética
e seus aliados enquanto milhares de soldados aliados eram mortos pelas
suas armas ao Vietname e na Coreia.
Milhares de jovens intelectuais, empresários, comerciantes,
arquitectos abandonam a sua terras natal em troca do "el dorado"
chinês. Aliciados pelas promessas de um mundo onde cada um tem a sua
oportunidade, o "Chinese Dream".
Esta aura do êxito chinês via muito além do Ocidente,
alcança o Mundo inteiro e em particular o mundo emergente
defendendo-se assim da política desenfreada que lhes tinha sido
imposta pelo FMI. Recentemente temos os exemplos do Cazaquistão ou o
Uzbequistão anteriormente na órbita soviética olham agora a China com
interesse.
Citando Lee Kuan Yew em 2008, os ocidentais privilegiam a
liberdade e os direitos do homem. Quanto a mim, enquanto asiático de
cultura chinesa, os meus valores fazem-me preferir um governo honesto
e eficaz". Não se pode ser mais claro. Além disso a democracia não é
necessariamente um bom professor de economia, nem um garante de
prosperidade. Com algumas excepções próximas a democracia não trouxe
bons governos aos Países em desenvolvimento. (Lee Kuan Yew).

quinta-feira, julho 21, 2011  
Anonymous Anónimo said...

Em 1990 as exportações chinesas para os Estados Unidos
atingiram os 15 mil milhões de dólares principalmente devido ao
trabalho sem cessar da Província do Sul, Guangdong, que tivemos a
oportunidade de visitar.
O Ministro Deng Xiaoping baseando-se neste facto empreendeu
uma campanha pelo País sobre as reformas inovadoras do sul. Como
consequência desta mensagem de Deng o aumento do PIB aflorou os 15% ao
ano. Os investimentos estrangeiros atingiram os 58 mil milhões de
dólares e em 1997 ultrapassaram os 100 mil milhões.. Em Xangai foi
construído o aeroporto mais moderno no Mundo, e uma cidade repleta de
arranha-céus. Deng classificou estas zonas como "económicas
especiais".
Em Dezembro de 2001 a China deu entrada na OMC(Organização
Mundial do Comércio) que lhe assegurou a exportação sem entraves para
a Europa e Estados Unidos. entretanto Deng morre e é substituído por
Jiang Zhemin. Nos anos 2000 os chineses passaram a controlar a
geografia da indústria mundial.
Tudo isto graças ao fornecimento da tecnologia informática dos
Estados unidos. Rapidamente a China torna-se o maior fabricante de
computadores, aviões, telefones portáteis,etc.
Em Setembro de 2008, o dia da falência da Lehman Brothers,
dá-se a sincronização do Mundo inteiro.
Entretanto Pequim dispõe de mais de 2 biliões de dólares de
reservas em divisas. Mas de metade desta zoana é investida em bens do
Tesouro Americano.
Em suma os americanos endividaram-se para comprar produtos chineses...

Toupeira

quinta-feira, julho 21, 2011  
Anonymous Anónimo said...

Muito grato por postarem são ideias, as minhas.
Posso estar errado, não tenho certezas neste mundo conturbado e confuso dee caos organizado por alguns.
Esses vão ser os senhores da guerra que se avizinha e não foram sempre?
Cumprimentos a todos.

Toupeira

quinta-feira, julho 21, 2011  

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