sábado, julho 23, 2011

Portugal junk

"O País vive em pleno Ramadão político. Nos ministérios estuda-se e pratica-se o jejum político como forma de religião. Enquanto o Governo inferniza os neurónios, descobre-se um “desvio colossal” de 2 mil milhões de euros. Não há responsáveis.

Segue-se a sobretaxa no IRS e mais um prometido corte na despesa do Estado. Uma auditoria à dívida pública é uma sentença de morte num País em que o dinheiro se evapora ao mínimo sinal. Quando é que o País conhece a verdadeira dimensão da dívida que não vai conseguir pagar?

Neste ponto chegam os observadores da ‘Troika'. Falar em auditorias é colocar em cheque a imagem internacional de Portugal. Aliás, o Governo de Passos Coelho não governa para os portugueses, mas governa sim para a ‘Troika' ver. Este pormenor explica a sensação de que Portugal não tem Governo porque é governado por um Memorando infalível. Com o livro vermelho do Memorando, Portugal vive numa tranquilidade e apatia preocupantes.

E os sinais acumulam-se. Isento de responsabilidades, Portugal aguarda por uma solução da Europa. A Moody's é a principal aliada da Oposição, o Presidente da República fala na desvalorização do euro depois de criticar os mercados, outros exigem a emissão de Eurobonds ou a mutualização da dívida, mais a solidariedade da Europa e a condenação da conspiração do capitalismo internacional e especulativo, sem esquecer o egoísmo na indecisão crónica de Angela Merkel. Em súmula, com a crise na Europa, Portugal é absolvido de todas as culpas na governação interna, comportando-se como vítima de um mundo que não entende nem quer perceber. Os portugueses têm o direito de saber como é que a má governação nacional acabou por colocar o País nesta débil situação económica. Mas não. Portugal está viciado no facilitismo e pretende asfixiar a crise financeira com uma espécie de vudu económico - indolor e instantâneo.

Enquanto tudo acontece, o País confiante dos profissionais da satisfação dissertam sobre a política dos pequenos gestos simbólicos. O moralismo é um velho vício nacional. Primeiro, são as viagens em classe turística, depois é o estilo económico e sincopado do ministro das Finanças, sem esquecer a proibição dos carros ministeriais nas passeatas domingueiras, junta-se ainda o ministro da ‘scooter' e mais a proibição das gravatas no Ministério da Agricultura para efeitos da redução da pegada ecológica do Governo. A pegada política do Governo começa a preocupar pela timidez das reformas estruturais que não se vêem. O Governo precisa de um plano para os próximos 100 dias com 20 ou 30 decisões para começar a mudar Portugal. A este ritmo de governação, ainda se salva primeiro a Europa, e se Portugal se afundar, ainda sobra tempo para resgatar o náufrago pela segunda vez. O costume. Há qualquer coisa de ‘Oprah Show' neste País
."

Carlos Marques de Almeida

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O governo tem de governar para Portugal. O caso da CGD não mostra nada de bom.
Há que mudar uma administração que se foi auditada e praticou uma série de erros de ve ser afastada, servia interesses que nada têm a ver com o país, se tal aconteceu deve ser afastada. Não pode é a pretexto de novo governo, nova vida se sobrepor ainda mais cargos. Isso era o que agora estudante filosofia fez.
Porque tem Passos medo de uma auditoria?
Por causa dos mercados?
Os mercados são aquilo que a Europa quiser e a Europa, infelizmente não existe e não é exemplo de uma governação democrática, onde os países que aproveitam não são propriamente exemplo de santos como o caso da Alemanha.
A Alemanha faz aquilo que sempre fez desde que aderiu ao Euro, impôs as suas regras e quando quiser sair sai, mas se sai bem é coisa a ver.
Voltando a Portugal, é certo que é cedo, mas é preciso enviar sinais que algo vai mudar na Admistração Pública.
Baixaram os juros, desta forma, mostrando que a especulação também vinha da estrutura da UE. Os mercados também são a comissão e alguns estados europeus, não parece?
Depois da falha nos USA para elevar o tecto do défice até à estratosfera, parece haver sinais que as guerras assimétricas começaram, guerras não económicas, guerras mesmo. A indústria financeira precisa gastar o que acumulou em bolha. O que melhor que uma guerra em grande escala para investir, dinheiro virtual em coisas, mercadorias palpáveis como toda a panóplia de guerra e tudo o que elas arrastam em ganhos sempre para as mesmas famílias que há séculos o fazem?
Em Portugal pede-se uma auditoria às contas e Coelho quer apagar o passado, porque será?
O mundo não pára e quem aconselha Coelho já começou a cobrar, será?
Se não, afaste a porcaria que Sócrates meteu na engrenagem do Estado, das Empresas Públicas e que faça o que deve com as Câmaras, porque a festa acabou e a destruição da economia pelo aumento dos impostos e pela deslocação do dinheiro para os bancos privados e público é muito mau, é vergonhoso, mas a vergonha deixou de existir há muito.
O que se deve, não vai ser resolvido pelo memorandum da troika, vai destruir completamente a economia, o que obrigará a regras de desobediência às normas comunitárias que nos levaram para o buraco e que apenas os bons alunos de Bruxelas cumprem.
Cito apenas um caso a protecção descarada às gasolineiras.
Fiquem bem.
Toupeira

sábado, julho 23, 2011  

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