O roubo está permitido por mais um mentiroso e ardiloso PM!
NINGUÉM
ESCREVE AO CORONEL
Venho
com García Márquez no título português do El Coronel no tiene quien le escriba,
mais feliz do que um literal e inestético O
coronel não tem quem lhe escreva. Deu-se nesta novela o contrário do El Amor en los tiempos del cólera, que
resultou num menos feliz O Amor em tempos
de cólera, onde a Cólera (lo cólera,
epidemia) centro do romance resulta
indefinida.
Mas
vamos ao Coronel a quem ninguém escreve,
figura central da novela de García Márquez escrita em Paris em 1956, mas só
publicada em 1986 (Espasa-Calpe – Colección Austral – os espanhóis não foram em abortos ortográficos que
descaracterizam a língua pátria e a nossa subserviência consentiu) com longo
prefácio, erudito, quiçá maçador, de Joaquim Marco.
Herói
de uma revolução, vive o Coronel, nunca de outro modo nomeado, na vã esperança
de receber a pensão que lhe fora garantida e anunciada em carta que nunca
chega. Daí uma sofrida velhice a que acresce o encargo de sustentar um Galo (de
luta), herdado do filho, político assassinado, símbolo e quiçá único sentido
daquele Povo. Para que o galo não morra, o Coronel e a Mulher passam as maiores
necessidades, fome mesmo. Tudo empenharam ou venderam. Nada resta. A Mulher,
vivendo a realidade do não ter e mal passar, exige que se venda o Galo ou até,
no desespero da fome, que o comam. O Coronel resiste. É questão de Honra! Viva
o Galo e morramos nós!
Mas
está cansado. A Mulher insiste: vende-se, mata-se.
Pede
aos poderosos – prometem, mas enganam-no. Confia nos políticos que prometeram –
não cumprem. Espera dos que dos que o deviam representar, o advogado - só lhe
pede dinheiro.
Enganando
põe esperança na carta que não chega. escreve. Não se revolta. Espera a
promessa cumprida, o respeito como pessoa no cair da idade.
A
semelhança é evidente.
Pedem-nos
sacrifícios por um “galo” que só interessa aos poderosos. Prometem, mas não
cumpre. Os poderosos vivem refastelados. Os em quem confiámos tudo nos levam,
nada nos dão. Não há respeito pelas pessoas, pelos velhos (que morram), pelos
doentes. Ninguém escreve (explica),
como ao Coronel, personalização do
POVO desamparado, desrespeitado, indignado. Tempo de desespero, desamor e cólera.
Ninguém escreve ao “coronel” do
como nos roubam o subsídio de Férias
e de Natal e no orçamento da AR 2012 haja verba para o seu pagamento.
Ninguém escreve ao “coronel” do
como é que o Presidente do Conselho de Administração dos CTT, Estanislau Mata
da Costa - que se demitiu sem terminar o mandato - recebeu, durante dois anos,
vencimentos em simultâneo: um pelo cargo nos CTT, cerca de 15 mil euros, e
outro correspondente a anteriores funções na PT de 23 mil euros, cujo o vínculo laboral havia suspendido.
Ninguém escreve ao “coronel” do
caso do automóvel eléctrico fabricado em Viseu, ter visto tropedeada, a
fabricação em série embora sigam reclamando a dinamização da economia. Que
poderosos interesses estão por trás?
Ninguém escreve ao “coronel” da
justiça que soltou uns quantos do gangue que degolou um Homem e fora preso pela
PJ. Livres praticaram o crime.
Ninguém escreve ao “coronel dos nossos
gestores cujo “ordenado” supera em 32% os americanos; 22,5% os franceses; 55%
os finlandeses; 56,5% os suecos (Manuel
António Pina, JN, 24/10/09, com vénia) se entretanto não se aumentaram, e
ninguém lhes tira o equivalente ao subsídio de Férias e de Natal.
Ninguém escreve ao “coronel” das
regalias do SNS perdidas; da não protecção da natalidade e continuarem os abortos gratuitos, por vezes repetidos,
nas Maternidades do Estado.
Ninguém escreve ao “coronel” do
elegermos mais um aldrabão, como se
vê nestas frases (de muitas, na “nete”
- vénia ao compilador, felicitado pelo serviço ao país, se o souber aproveitar)
de Passos Coelho, no ontem: "Estas
medidas põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por
precaução."; "Estamos disponíveis para soluções
positivas, não para penhorar futuro, tapando com impostos o que não se corta na
despesa."; "Para
salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de
modo a desonerar a classe média e baixa.";"Se vier a ser necessário
algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o
rendimento das pessoas."
Ninguém escreve ao “coronel” de
mais esta de Passos Coelho: "Como é
possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?". Como é
possível, Senhor 1º Ministro?
Ninguém escreve ao “coronel” da
razão de não acabar com: o Financiamento dos partidos; a distribuição de carros
a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., para digressões particulares
pelo País; a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes
públicos (cf. C.M. Matosinhos e CP, há
dias); os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma recebe todos os
anos, e, aí, com os lugares de amigos e de partidos que custam milhões ao
erário público; os ordenados milionários da TAP; os funcionários e empresas
fantasmas que cobram milhares e que pertencem a quadros do Partido Único
(PS+PSD); o não acabarem as enormes administrações de hospitais públicos; os imensos
pareceres jurídicos, caríssimos, sempre dos mesmos escritórios. (Notar
que o OE 2012 foi aumentado em alguns milhões para este fim); ou com a
razão de não se colocarem chapas de identificação em todos os carros do Estado,
não permitindo que carros oficiais façam serviço particular; não se controlar os
que, da Função Pública, nunca estão no local de trabalho e passam o tempo nos
seus escritórios de advogados zelando pelos seus interesses que não os da coisa
pública; não se pagarem os milhões emprestados pelos contribuintes ao BPN e BPP;
não se conseguir reaver os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e que tais,
onde quer que estejam. (Dados Internet, sob o título: O que a Troyka quis aprovar e não conseguiu. Bem Haja o
informador.)
Ninguém escreve ao “coronel” do não
se 'privatizar' a Presidência da República já que o DN (com vénia) descobriu
que nos custa 16 milhões de euros por ano (163 vezes mais da de Ramalho Eanes),
ou seja, 1,5 euros a cada português.
Dinheiro
que, para além do salário do Prof. Cavaco, sustenta 12 assessores e 24
consultores, e o restante pessoal. A juntar a estas despesas, há mais cerca de
um milhão de euros de dinheiro dos contribuintes que serve para pagar pensões e
benefícios aos antigos Presidentes. Estes 16 milhões põem Cavaco Silva entre os
chefes de Estado que mais gastam em toda a Europa - o dobro do Rei de Espanha.
Mais só Nicolas Sarkozy (112 milhões de euros) e a Rainha de Inglaterra, que
'custa' 46,6 milhões de euros anuais. Assim é fácil proclamar que "os sacrifícios são para ser
'distribuídos' por todos os portugueses".
Ninguém escreve ao “coronel” do
como o 1º Ministro de um Governo dito democrático tem o descaro de dizer que “os funcionários públicos vão sentir-se
‘mais penalizados que os restantes cidadão’” (JN 26/X/2011 pág.4). Que
Democracia é esta com desigualdades que o P.R. apara e o Tribunal dito
Constitucional legaliza?
Ninguém escreve ao “coronel” do Decreto-Lei
n.º 496/80, visto e aprovado em Conselho de Ministros de 30 de Julho de 1980,
assinado por Francisco Sá Carneiro, que regulava a atribuição dos subsídios de
férias e de Natal ao funcionalismo público e expressava (art. 17.º): os subsídios de Natal e de Férias são
inalienáveis e impenhoráveis. Nunca revogado, não tem para o Governo,
Presidente da República e Tribunal dito Constitucional qualquer valor. O roubo está permitido. E,
descaradamente, continuam as “democráticas” figuras a garantir que vivemos em
Democracia
Face
a estas “portas que Abril abriu” a
tanta não resposta, a tanto por
perguntar, tanto abuso, roubo e ignomínia, estou como o Maestro Italiano
Ricardo Multi que, sob os aplausos ao La Pensiere
(Coro dos Escravos da Nabuco, de Verdi) onde se canta de uma Pátria perdida e
dominada, exclama: “Vivi a minha Vida,
percorri o Mundo [mas] tenho Vergonha do que se passa no meu País.”
Também
eu!
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