Da democracia nas arábias
"Lembram-se da Primavera Árabe? Lembram-se da entretanto lendária Praça Tahrir, no Cairo, repleta de gente a exigir democracia e liberdade? Lembram-se das manifestações convocadas pelo Facebook? Lembram-se da alegria nos rostos quando da queda de Mubarak? Lembram-se dos comentadores ocidentais a assegurar que tudo aquilo era puro e secular e distante de fúrias religiosas? Lembram-se dos insultos adequadamente dirigidos aos cínicos que duvidavam de tamanhas maravilhas?
Se calhar houve algum equívoco pelo caminho, já que a Irmandade Muçulmana lidera com substancial avanço a contagem de votos nas "legislativas" locais. Em segundo lugar está o partido "salafista", hoje apelidado de "radical", e em terceiro vem o Bloco Egípcio, que nos curiosos critérios em jogo passa por "liberal". Aparentemente, no léxico dos correspondentes ocidentais, os senhores da Irmandade representam agora as forças "centristas" ou "moderadas" da sociedade, o que, no caso, significa apenas que, por exemplo, defendem a lapidação das adúlteras com calhaus um pedacinho menores do que os utilizados pelos "radicais" e um nadinha maiores do que os utilizados pelos "liberais". Ou que pretendem torturar os homossexuais com severidade ligeiramente inferior à dos "radicais" e algo superior à dos "liberais". Ou que prometem dedicar aos apóstatas uma morte qualquer coisinha mais rápida do que os "radicais" e uns minutos mais lenta do que os "liberais". Etc.
Entre a sharia versão mata e a sharia versão esfola, não se pode dizer que os indígenas não escolheram democraticamente. Também não se pode dizer que a escolha foi aquela que a ingenuidade "multicultural" do Ocidente gostaria que tivesse sido. Ou pode, se trocarmos a ingenuidade pela má-fé."
Alberto Gonçalves
Se calhar houve algum equívoco pelo caminho, já que a Irmandade Muçulmana lidera com substancial avanço a contagem de votos nas "legislativas" locais. Em segundo lugar está o partido "salafista", hoje apelidado de "radical", e em terceiro vem o Bloco Egípcio, que nos curiosos critérios em jogo passa por "liberal". Aparentemente, no léxico dos correspondentes ocidentais, os senhores da Irmandade representam agora as forças "centristas" ou "moderadas" da sociedade, o que, no caso, significa apenas que, por exemplo, defendem a lapidação das adúlteras com calhaus um pedacinho menores do que os utilizados pelos "radicais" e um nadinha maiores do que os utilizados pelos "liberais". Ou que pretendem torturar os homossexuais com severidade ligeiramente inferior à dos "radicais" e algo superior à dos "liberais". Ou que prometem dedicar aos apóstatas uma morte qualquer coisinha mais rápida do que os "radicais" e uns minutos mais lenta do que os "liberais". Etc.
Entre a sharia versão mata e a sharia versão esfola, não se pode dizer que os indígenas não escolheram democraticamente. Também não se pode dizer que a escolha foi aquela que a ingenuidade "multicultural" do Ocidente gostaria que tivesse sido. Ou pode, se trocarmos a ingenuidade pela má-fé."
Alberto Gonçalves
1 Comments:
O Ocidente não existe e para o Al Andaluz é outra coisa.
O Ocidente não são as democracias que também nós "os ocidentais" tanto prezamos e que no entanto são ditaduras do poder monetarista e especulativo dos donos dos bancos e já agora da verdadeira liberdade, em nome de uma suposta coisa que não vivemos, desengane-se quem pensa que pode protestar como fizeram alguns na praça mais conhecida do Egipto, porque as cargas policiais aqui seriam tão ou mais severas que as que alguns sofreram,excepto os infiltrados do Qatar(em grande maioria) recrutados pela Mossad, pela CIA e MI6.
Prezamos a tal ponto que falámos na Primavera árabe.
Então se aquilo foi uma Primavera o que vivemos então nós nesta Europa e nos USA?
Um Inverno de facto, com o gelo da crise artificial feito em Wall Street e na City.
Democracias, isto?
Reparem que Mr Geitner veio ver se tudo corria como previsto, ele um dos neocons do governo anterior, agora secretário de estado do tesouro, também ele um homem de um banco que deveria estar falido, o Goldman, que deu a esta Europa do Ocidente golpes de Estado na Itália colocando lá um dos seus homens, na Grécia outro e em Portugal outro de nome Moedas, quem se seguirá, no rol do banco dos bancos?
O Egipto, estava muito bem com Mubarak, mas Israel interessa-lhe desestabilizar, a Tunísia não tinha miséria agora tem e tem insegurança, a Líbia que tinha o coronel que entretanto há bem pouco tempo todos os dirigentes da Europa e o mulato Obama recebiam calorosamente comportaram-se como muitos dizem que os árabes se comportam, apunhalaram-no, em nome de uma coisa que chamam de democracia, estas sim as maiores ditaduras, porque feitas em nome da liberdade, liberdade dos mercenários do Qatar, por aqui serão outros os mercenários.Dispenso a librerdade em nome de um voto que serve para deitar fora.
O senhor Alberto lá vai mudando o rumo, mas navegar à bolina não sabe, então não sabia o que se estava a preparar e o que se prepara?
Em nome da liberdade?
Em nome da da destruição da Europa, do petróleo e da ganância de quem de facto detém o verdadeiro poder e o tem de demonstrar, enforcando ou matando a tiro de revólver, em directo e no You Tube, os líderes que colocam e descartam.
Esta gente merece por enquanto desprezo, mas merecerá muito mais que isso...
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