Os Marretas e a UE
"Num dos mais fabulosos diálogos de "Os Marretas", Cocas vira-se para Fozzie e pergunta-lhe: "Onde é que aprendeste a conduzir?", e este responde-lhe: "Tirei um curso por correspondência". A UE está agora à mercê de múltiplos Cocas e Fozzies e todos tiraram a licença de governar por correspondência. Aquilo que nasceu para ser um conto de fadas, a UE, tornou-se um "reality show" de vampiros. Onde só interessa o sangue e as pessoas são dispensáveis. Em vez do paraíso serviu-se friamente o inferno aos países mais quentes. Depois da austeridade forçada a Grécia demorará muitos anos a recuperar. Portugal, atado à Grécia mesmo sem querer, poderá ser colocado de quarentena e vigilância no manicómio da UE. Há diferenças entre os dois países, como não se cansam de dizer os políticos portugueses. Há e são visíveis. Para o ministro grego das Finanças há uma fundamental: os portugueses têm mais paciência. Só que esta também é um copo de água e transborda.
Quando, depois de múltiplas sevícias de austeridade, os portugueses continuarem a ver um desemprego galopante, a paciência não servirá nem para comer. Diálogo e paciência costumam ser o Cocas e o Fozzie da democracia. Hoje são formas de engolir a humilhação. A política seguida por sucessivos governantes e o seu clube de amigos está a ter uma capacidade notável para transformar uma agradável sociedade de consumo num beco de rebeliões. Aí se verá se a paciência se transforma em azeite e também é combustível. A austeridade é uma política. Mas não pode ser um fim. É por isso que o Governo tem de perceber que o saque fiscal tem limites."
Fernando Sobral
Quando, depois de múltiplas sevícias de austeridade, os portugueses continuarem a ver um desemprego galopante, a paciência não servirá nem para comer. Diálogo e paciência costumam ser o Cocas e o Fozzie da democracia. Hoje são formas de engolir a humilhação. A política seguida por sucessivos governantes e o seu clube de amigos está a ter uma capacidade notável para transformar uma agradável sociedade de consumo num beco de rebeliões. Aí se verá se a paciência se transforma em azeite e também é combustível. A austeridade é uma política. Mas não pode ser um fim. É por isso que o Governo tem de perceber que o saque fiscal tem limites."
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