Carrinhos de choques
"Sócrates, o filósofo grego, não o aprendiz de estadista português, tinha uma notável capacidade de resistência à fadiga e à fome. Desdenhava das comodidades da vida moderna. Fizesse frio ou calor, saia de casa descalço e só coberto por uma velha manta, sem sandálias ou camisola.
Não lhe interessavam os bens materiais e, um dia, ao passar diante de uma loja em Atenas, ao olhar para a mercadoria, disse: "Quantas coisas necessitam os atenienses para se manterem vivos".
Pedro Passos Coelho acredita que os portugueses são ricos e, de fato para se aquecer, acredita que os portugueses com muito menos coisas poderão continuar a respirar. Carlos Zorrinho e Francisco Assis, o que demonstra a demência da oposição, criam teoria sobre a necessidade de carros de qualidade para que haja dignidade na função política.
Todos vivem numa realidade paralela, criando um fosso cada vez maior entre o mundo político e a sociedade. A classe política portuguesa pensa no acordo com a troika, no défice e nos interesses partidários. Esquece os portugueses. É a insensibilidade sobre a vida real dos portugueses que permite também que esta pretensa crise governamental vá minando o território entre os políticos e a classe média, a garante da democracia.
Os políticos portugueses estão a gerir os problemas como se estivesse a guiar carrinhos de choques. Sem se importarem com a dor. Que António Borges e Vítor Gaspar façam isso, choca, mas aceita-se: para eles as pessoas são números. Que os políticos façam isso é mais difícil de perceber. Estes ainda não são como Gremlins: não se reproduzem com a chuva. Vivem de eleições. "
Fernando Sobral
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