domingo, janeiro 20, 2013

Desalento

"Uma parte de Portugal parece ter desistido de si próprio! 2012 ficará recordado pela mais baixa taxa de natalidade de que há registo, e pelo aumento das mulheres vitimas mortais de violência doméstica.
Soubemos que mais de 65.000 jovens qualificados abandonaram o país por não conseguirem trabalho, tendo a taxa de desemprego jovem atingido os 39%. Mais do que o ano em que o desemprego atingiu o valor mais elevado desde 1983 (16,3%) e o PIB deverá contrair mais de 3%, 2012 ficará lembrado como o ano em que se trocou o país e a economia real pelos indicadores macroeconómicos, que teimam em não ajustar.
Para cumprir o acordo com a troika, o Governo optou por aumentar brutalmente os impostos. Vítor Gaspar não entendeu que cada aumento de impostos anunciado cava uma cada vez maior redução da receita fiscal no período seguinte. E assim vamos cavando o nosso buraco orçamental à medida que asfixiamos a encomia, gerando uma espiral recessiva demolidora. O FMI admitiu que o défice poderá ficar perto dos 5,7% do PIB.

Não conseguimos nomear um único novo investimento estruturante na economia portuguesa em 2012. A travagem das importações, fruto da redução do rendimento interno, ajudou a colocar o défice externo próximo do zero. Pena que este resultado não se deva a um aumento substancial das exportações, especialmente as de maior intensidade tecnológica. Extravasando a troikoterapia, o Governo nacional deslumbrou-se com a austeridade e o ajustamento na mesma medida em que desvalorizou a modernização do tecido produtivo e o crescimento da economia.
2012 ficará marcado como o ano em que apesar de tomarmos toda a mediação recomendada, a doença se agravou, e o médico não se questiona sobre a eficácia do tratamento prescrito. Acima de tudo faltou-nos uma visão de Portugal para o futuro....
O regresso aos mercados, apesar de fundamental, não chega para mobilizar um país.
Vale-nos alguns passos tímidos na Europa, que tem permitido a redução dos juros da divida soberana, e o 15 de Setembro, que ficará para a história como a maior manifestação dos últimos 30 anos, o dia em que 1 milhão de portugueses veio à rua lembrar que não desistiu de Portugal."
João Dias

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gaspar é o homem do oásis no tempo de Cavaco.
Pensam que não é propositado?
Nada acontece por acaso.
Passos avisou antes de entrar para o PSD como suposto dono da agremiação que era neoliberal, se é que sabe o que é.
Resumindo temos uma ditadura travestida de democracia que já tínhamos, é a continuidade da oligarquia do mundo da finança, chama-se Máfia no Estado

terça-feira, janeiro 22, 2013  

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