quarta-feira, março 17, 2004

DIREITA, ESQUERDAS & TERRORISTAS, SA.

Com o inesperado resultado eleitoral em Espanha, observou-se da parte de alguns analistas e comentadores situados mais à direita uma explicação que pela sua simplicidade de raciocíno não podem deizar de espantar quem os lê.

Dizerem que a vitória do PSOE foi uma cedência ao terrorismo, como se os espanhois alguma vez tivessem cedido ao terrorismo da ETA ao longo de décadas.

Dizem que foi a esquerda que aliciou os espanhois a votarem no PSOE através da manifestação de sábado, como se o número de manifestantes fosse suficiente para alterar o resultado eleitoral.

Ou como se os espanhois, como qualquer povo, não soubesse pensar e decidir pela sua própria cabeça.

Dizem ainda que a esquerda está aliada ao terrorismo, ao ser branda, como se não houvesse tanta falta de segurança no mundo como desde que os falcões neo-conservadores de Washington tomaram o poder e iniciaram após o 11 de Setembro uima política baseada na teoria da guerra eterna.

Se fizermos um paralelismo com o que se passa em Israel pode-se considerar que a população israelita votou no Likud e em Sharon por medo dos extremistas palestinianos, mas que no fim se verifica que nunca a população israelita teve tanta falta de segurança como agora, com Sharon no poder.

Porque os extremismos se alimentam da violência e do medo.

Nunca da paz e do diálogo.

Os problemas políticos resolvem-se políticamente e nunca militarmente.

A história da humanidade dá-nos muitos exemplo de que assim é.

Por isso parece-me que é de mau perder, próprio de quem não é democrata querer fazer dos resultados eleitorais em Espanha uma cedência ao terrorismo, ou ao querer muito forçadamente estabelecer as ideias de esquerda como irmanadas com as do obscurantismo da al Quaedda.

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