domingo, abril 18, 2004

Arautos da tal mensagem - 2

Sousa Monteiro, arauto de Cardoso e Cunha, afirmou na sua coluna publicada no Expresso, que a conjuntura ajudou os resultados da TAP.

Acrescenta “sem ter mudado a sua estrutura que é mais ou menos a de há muitos anos a esta parte, a TAP felizmente recebe uma ajuda neste período bom para a aviação comercial, fruto da recuperação que se observa sobretudo na Europa, mas também a nível mundial.”

Não podia estar mais de acordo. O ano de 2003 foi um dos melhores de sempre da aviação civil. Com a guerra do Iraque, a pneumonia atípica, a gripe das aves e a depreciação das tarifas, assistiu a um crescimento desenfreado de turistas, especialmente para o Iraque e para a Ásia, no intuito de observarem “in loco” estes raros acontecimentos.

Enfim. De tão nítida, a mentira é visível até por um cego.

“E as outras companhias aéreas europeias igualmente apresentaram bons resultados”

Nem mais. É o caso da Lufthansa que apresentou 984 milhões de euros de prejuízo.
Se Monteiro diz que é um bom resultado, quem sou eu para o contradizer.

“Eu não menosprezo o esforço feito pelos gestores que nestes últimos anos têm liderado a TAP no sentido de conseguirem a sua recuperação”.

Não, que ideia. Basta ler essa da “TAP felizmente recebe uma ajuda neste período bom para a aviação comercial”.

“Acreditando que se trata de profissionais, ainda não compreendi de quem é a culpa da não actuação em certas áreas, por exemplo, com o custo do pessoal”.

Bem, a TAP reduziu os custos de exploração, incluindo os custos com o pessoal em 2%.
Em 3 anos, o total de trabalhadores reduziu de 9 mil para 8 mil. As despesas fixas foram reduzidas em 32 milhões de euros.

Anda mal informado ou ...

“A TAP, felizmente, tem muita sorte, pois:

- o dólar, face ao euro, tem desvalorizado constantemente. Comporta-se como uma receita extraordinária, influenciando os custos, já que grande parte destes são suportados em dólares.

Portanto, há um grande efeito cambial positivo sempre que o dólar desvaloriza”.


O tráfego da Europa, devido ao tal “bom” período da aviação comercial referido por Sousa Monteiro, caiu fortemente.

A solução passou pela prioridade do mercado brasileiro. As tarifas desse mercado, tal como o resto da América e toda a África, são pagos em dólares.

O mercado africano é o que oferece as melhores tarifas. Assim, não se percebe aonde está o efeito cambial da desvalorização do dólar.

Mais. Como é que ele explica que, face ao valor de 2002, crescendo o número de passageiros transportados em 4,7 % ( graças ao mercado do Brasil ), tenha existido uma quebra de proveito em 4,5%?

Só pode ser explicada com a quebra do valor das tarifas ( fruto do mau ano para a aviação comercial ) e com a desvalorização do dólar.

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