sábado, setembro 11, 2004

Balanço do barco que abortou.

"O navio-clínica da organização holandesa Women On Waves (WOW) não entrou em Portugal, nem chegou a disponibilizar, em águas internacionais, a pílula abortiva como estava previsto, mas as quatro associações responsáveis pela visita do barco são unânimes em considerar a iniciativa um sucesso."

O barco não cumpriu os objectivos da sua viagem mas foi um sucesso. Se eles (associações) estão contentes, quem somos nós para os contrariar?

"Para Teresa Cunha, presidente da Acção Jovem para a Paz, uma das organizações responsáveis pelo convite à WOW - em conjunto com a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), Não te Prives e Clube Safo -, a campanha excedeu as expectativas: "Portugal esteve na mira dos media internacionais, expondo-nos ao ridículo como um país da cauda da Europa que ainda leva as mulheres que abortam a tribunal.

Ana Cristina Santos, dirigente da Não te Prives, concorda. "Através da campanha, cada vez mais pessoas acreditam que é possível mudar a lei", sustenta a activista. Apesar de estar contente com o resultado da iniciativa, Ana Cristina Santos admite que nem todos os objectivos foram cumpridos. "Não conseguimos ajudar as mulheres que recorreram à linha aberta, nem utilizar as salas e o material que estava no 'Borndiep'", reconhece. "

Expor o país ao ridículo era o único objectivo deles.

"Os movimentos anti-aborto contestam o balanço das organizadoras. "Não nos parece que a vinda do 'Borndiep' tenha contribuído para uma renovação racional do debate sobre o aborto. O seu carácter provocador e desafiador e, na sua fase final, desesperado e irresponsável teve como consequências previsíveis a exaltação dos ânimos e o endurecimento de posições", defende a vice-presidente da associação Mulheres em Acção, Alexandra Teté.

A Associação Portuguesa de Maternidade e Vida (APMV), que apresentou várias queixas contra a WOW e a sua fundadora, Rebecca Gomperts, defende que a iniciativa foi um fracasso. "Esteve sempre a discutir-se se o Governo devia ou não deixar entrar o barco e das poucas vezes que se discutiu o aborto não se fez de forma séria", analisa o presidente da APMV, Francisco Rocha. "

Esquecendo o condenável carácter provocador e desafia dor utilizado, o desespero e irresponsabilidade da parte final, deitaram tudo a perder. Só uma inconsciência brutal seguirá os conselhos irresponsáveis da pseudo doutora holandesa. Quanto `questão do aborto em si, nada de sério foi discutido.

"As diferentes opiniões convergem num ponto: é preciso investir na educação sexual e no apoio às mulheres grávidas carenciadas . "É preciso educação sexual nas escolas com seriedade e sem tabus, se não há professores formados vamos formá-los", insiste Teresa Cunha. "O Serviço Nacional de Saúde", continua, "tem que dar mais importância ao planeamento familiar."

A verdadeira solução do problema está aqui. A falta de educação sexual e de planeamento familiar.

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