Iraque hoje
Forças Americanas Atacam Mossul para Tentar Controlar Insurreição
Por SOFIA LORENASexta-feira, 12 de Novembro de 2004
Os americanos lançaram ontem raides terrestres e aéreos contra suspeitas posições de rebeldes em Mossul, admitindo que será preciso algum tempo para pacificar a grande cidade do Norte do país. Grupos de rebeldes incendiaram esquadras e outros edifícios, roubaram armas e ocuparam ruas pelo segundo dia consecutivo.
A cidade, a terceira maior do país com cerca de três milhões de habitantes, está paralisada e ontem grande parte da população não saiu à rua, mantendo-se o recolher obrigatório declarado na véspera pelas 16h00. A televisão saiu do ar.
As autoridades combateram os rebeldes em várias zonas, nomeadamente nas cinco pontes sobre o Tigre. Mas já pediram reforços, admitindo que não têm como fazer frente à insurreição. Os dois últimos dias foram os mais violentos desde a guerra do ano passado.
"Os insurrectos continuam a disparar contra a Guarda Nacional e as forças multinacionais", disse ao final do dia a porta-voz americana, capitão Angela Bowman. Admitindo que vai levar "algum tempo para voltar a pacificar toda a cidade", a oficial desmentiu que os rebeldes tenham "tomado partes da cidade", como é sugerido por relatos de residentes. Bowman disse ainda que os ataques em algumas zonas ultrapassaram "as capacidades das forças existentes, requerendo reforços".
Os relatos de quarta-feira, quando morreram pelo menos cinco pessoas, incluindo três polícias, davam conta de bairros inteiros fora de controlo. Em pelo menos quatro zonas tinham sido instalados barreiras e postos de controlo, para além de rampas de lançamento de "rockets" dirigidas a posições americanas.
Saadi Ahmed, responsável da União Patriótica do Curdistão em Mossul, garantiu à AP que pelo menos nove esquadras foram atacadas e que a polícia "entregou algumas". Para este líder curdo, a situação fica a dever-se aos "muitos terroristas que fugiram de Falluja e de outras cidades". "As forças de segurança internas falham porque cooperam com os terroristas", acusou ainda.
"É de loucos", disse à Reuters Abdallah Fathi, um residente.
"Ontem [quarta-feira], a cidade parecia o inferno, hoje parece igual ou ainda pior", antecipava a meio do dia. "Não parece que a polícia ou qualquer autoridade esteja de todo em controlo. Os rebeldes estão por todo o lado", descrevia outro habitante, que dizia estarem a decorrer batalhas em várias zonas.
Independente da origem dos rebeldes, a espiral de violência dos últimos dias parece indissociável do assalto lançado segunda-feira em Falluja.
Desde o arranque desta ofensiva, destinada a dobrar a insurreição no bastião sunita e a servir de exemplo aos insurrectos em todo o país, a violência alastrou a Mossul, Kirkuk, Baiji, Samarra, Baquba, Ramadi e partes de Bagdad. Ontem chegou a áreas a sul da capital. Na zona de Hilla, capital da província da Babilónia, foi declarado recolher obrigatório depois de a explosão de dois carros ter feito oito feridos.
Na segunda maior cidade do Norte do país, Kirkuk, a 250 quilómetros de Bagdad, 14 pessoas foram feridas noutro atentado com uma viatura armadilhada. Cinquenta quilómetros a sul, no centro petrolífero de Baiji, grupos de rebeldes tomaram várias ruas. Na véspera dez pessoas tinham morrido em confrontos na cidade, onde se situa a maior refinaria do país.
Por aqui se vê que um ataque a uma cidade levantará outras cidades.
Porquê?
Porque os iraquianos se sentem bem representados pelo governo fantoche de Alaahbi?
Porque se sentem agradecidos pelos "libertadores"?
Porque se sentem aliviados pelo colapso do regime de Saddam?
Ou será que os mais de 20 milhões de iraquianos são todos terroristas?
É dos manuais que uma guerrilha não sobrevive sem apoio popular. Neste caso como se explica que essa guerrilha em crescendo esteja tão viva ao fim de mais de ano e meio de ocupação militar?
Faltará apoio popular às guerilhas sunitas, xiitas, nacionalistas laicas?
Creio que não.
Há só uma falta de apoio popular dos iraquianos às forças de ocupação.
Mas infelizmente estas ou o poder político que para lá as enviou ainda não soube ou não quiz compreender isso.
Para mal dos que diáriamente por lá morrem.
1 Comments:
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