quarta-feira, julho 06, 2005

Sampaio.

"O Presidente da República resolveu pregar um sermão à banca. Foi durante o debate sobre "A Inovação como Chave da Modernização da Economia" que Jorge Sampaio se saiu com algumas frases lapidares. "Não ouvi uma única menção ao capital de risco ou à posição da banca no que respeita a arriscar qualquer coisa nas empresas que querem inovar" disse como comentário ao debate que tinha acabado de assistir e acrescentou: "a banca empresta dinheiro para comprar carro, isto é uma maravilha. E não é nada. É um embuste". O Presidente esqueceu-se que a banca não pode ser o mecenas da economia portuguesa e que em matéria de capita de risco têm de ser as entidades públicas a dar o exemplo. Os bancos têm empresas de capital de risco, mas é natural que, numa situação de crise económica, sejam cuidadosos com a análise do risco. Vir dizer que a banca empresta dinheiro por dá cá aquela palha a qualquer bicho careta para comprar carro e recusa financiar as empresas inovadoras, admite-se a quem não entende nada de banca, mas não parece adequado para o supremo magistrado da Nação.

Aliás, o Banco de Portugal, no último relatório de Estabilidade Financeira, agora divulgado, afirma que a restritividade de critérios na concessão de crédito à habitação tem vindo a abrandar, porque "é percebido pelos bancos como de menor risco". Já no que diz respeito "aos empréstimos para consumo e outros fins, os resultados apontam para a manutenção dos critérios de restritividade aplicados pelos bancos na concessão destes empréstimos". O relatório do Banco Central refere ainda que a quota se manteve "praticamente estável" no crédito à habitação, "caindo significativamente no que respeita aos empréstimos para consumo e outros fins". Aliás, no que diz respeito às empresas, o relatório do Banco de Portugal refere que o crédito às sociedades não financeiras aumentou em 2004, situando-se perto dos 100% do PIB, um rácio que é dos mais elevados da Europa, onde só é ultrapassado pelo Reino Unido. Refere ainda que a esmagadora maioria dos devedores não foram grandes. Se se informasse antes, o Presidente podia evitar fazer tais figuras. "


Francisco Silva

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