quarta-feira, março 22, 2006

A sarna, os cães rafeiros e as ovelhas de sempre

Hoje o dia cinzento deixou-me triste e agressivo, que me perdoem aqueles não fazem parte do rol. O pêlo eriça e a tristeza enche-me a alma, deixem que divague...

Ao que parece de vez em quando, quando os donos mandam, aparece um cachorro a escrever, das grandes vantagens da globalização e acenam com o papão. Quem não vai no comboio terá de seguir a pé ou ser trucidado pela avalanche provocada pela mesma. Mas espremido apregoa aquilo que a voz do dono manda.

Como todos os que têm inveja de quem tem alguma estabilidade na vida se comportam como ovelhas cada vez mais incapazes de pensar, não se dão conta que a invenção do chamado ou chamada globalização é um chavão inventado por quem já inventou outras coisas por esse mundo fora e por essa história fora, usada para quem tem a memória curta ou então para quem a tem pouco usada, pelo que a usura, neste caso aplicado o termo das formas que se entender, é estratégia há muito utilizada pelos donos do mundo e pelos seus testas de ferro junto dos governos democráticos, se possível parlamentares, fórmula deveras útil aos donos e que é acarinhada pelos elementos dos rebanhos adestrados.

Quem melhor que cães rafeiros para atiçar a quem se sente revoltado, mas que não sabe bem contra o quê ou contra quem, porque já não são necessários os ismos tão em voga noutros tempos e que os que hoje criticam a revolta selvagem, foram os mesmos que apadrinharam a destruição em França de um homem sério que não se deixou manipular pelos rafeiros de sempre, porque os protocolos foram e estão cumpridos e serão obedecidos.

Pobres humanos que se transformam em cães que rosnam quando um outro cachorro, mas este adestrado, e com dono, lhes atiça o ódio de pequeno burguês com era hábito os fósseis comunistas chamarem aos seus pares, mas que lidavam em campos opostos, mas todos com sarna impregnada no ar e nas palavras.

O trabalho incerto vai ser como no tempo em que se contavam os dentes dos escravos na praça e se viam quais os que tinham mais ou menos saúde, o esclavagismo está a regressar e não pensem que alguém irá escapar, pensem apenas nos vossos filhos e netos e depois vão criando rancor e ódio contra os mercantilistas do dinheiro, não contra o arrematadores da carne ou os capatazes, porque esses apenas sabem usar o chicote, os outros, os objectos do vosso ódio, os que manipulam as consciências e atiçam os ódios nas direcções erradas e estupificam as mentes e dizem que a história verdadeira é deles e que verdade e ética dos povos é a deles e os deuses são e devem ser os deles e as castas que devem ser obedecidas as suas.

O pensamento é o que nos resta, não nos restando decerto a possibilidade de o divulgar mais tarde ou mais cedo, e isto, não tem a ver com esquerda ou direita ou centro, nem com outras coisas que se apregoam, tem apenas a ver com o poder, ou se tem ou se é escravo.

Portanto quem inventou a chamada sociedade igualitária e depois saiu de fininho, deixando no caso os franceses, ficarem com o ónus, a fama, a glória e depois a desgraça, de criarem as chamadas ideias modernas, do século dezoito ou as ideias francesas, serão os mesmos que criaram esta ideia que é velha de séculos e que se chama de globalização, a que nós portugueses não somos alheios, porque o mercantilismo a outros aproveitou, basta ver a história.

Os ingleses que aqui serão uma ideia semântica e que não deverá ser tida à letra, aquilo contra que se insurgiu na altura o espírito alemão, antes de ser destruído, como dizia, os ingleses foram os criadores dessas ideias francesas, tendo sido os franceses os seus melhores soldados e infelizmente as suas maiores vítimas. Acabo com uma citação que já repeti, acerca de Darwin, Mill, Spencer e outros ingleses bem pensantes e convertidos:

“…Não esqueçamos, por fim, que os ingleses já causaram, com a sua profunda mediocridade, uma depressão global do espírito europeu: aquilo a que se chama «as ideias modernas» ou as «ideias do século dezoito» ou também as «ideias francesas» - aquilo, pois, contra o que o espírito alemão se insurgiu com profundo nojo -, isso era de origem inglesa, não cabe duvidar. Os franceses apenas foram os macacos imitadores e comediantes destas ideias, também os seus melhores soldados e, também e infelizmente, as suas primeiras e radicais vítimas: pois que com a anglomania condenável das «ideias modernas», a ame française diluiu-se e emagreceu tanto que hoje nos recordamos quase com incredulidade dos seus séculos XVI e XVII, da sua profunda força passional, da sua engenhosa aristocracia. Mas tem que se segurar com ambas as mãos esta afirmação de justiça histórica e defendê-la com unhas e dentes contra o instante e a aparência visível: a noblesse europeia – do sentimento, do gosto, dos costumes, enfim, tomada a palavra no sentido elevado – é obra e invenção da França, a vulgaridade europeia, o plebeísmo das ideias modernas – da Inglaterra.”

Nietzsche Para além do bem e do mal

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Os dias cinzentos com vento suão parece que "mexem" com a Toupeira. Ainda bem.
Parabéns pelo texto.

quarta-feira, março 22, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Keep up the good work »

quinta-feira, fevereiro 15, 2007  

Enviar um comentário

<< Home

Divulgue o seu blog!