segunda-feira, abril 17, 2006

Fazedores de opinião.

"As Nações Unidas estão a preparar, para debate na assembleia-geral de Setembro próximo, um estudo sobre a violência contra as crianças que contém uma recomendação no sentido da proibição universal dos castigos corporais.

Aliás, já desde 1989, ano da aprovação da Convenção sobre os Direitos da Criança, ratificada por Portugal, é doutrina universal a adopção de medidas legislativas, administrativas, sociais e educacionais para proteger as crianças contra todas as formas de violência física.

No entanto, Portugal é um dos Estados europeus que não proíbe explicitamente os castigos corporais. Mas em 2003, quando o Conselho da Europa debateu uma queixa contra cinco países - entre os quais Portugal - cuja legislação não protege as crianças contra os castigos corporais, a defesa argumentou com a jurisprudência de um acórdão de 1994, do Supremo Tribunal de Justiça, que condenou um pai por ter castigado corporalmente uma criança.

Acontece que agora há um acórdão do mesmo STJ de sentido contrário que, não só absolveu uma responsável de um lar de crianças com deficiências mentais acusada de maus-tratos, como faz a apologia da bofetada, da palmada no rabo e do encerramento num quarto escuro como fazendo “parte da educação”. E perante a dualidade das concepções em confronto nos dois acórdãos do Supremo fica sem se saber qual deles fará jurisprudência: a condenação do castigo corporal ou a apologia da estalada?

O caso em apreço tem pormenores particularmente pungentes. Uma criança de sete anos, sofrendo de psicose infantil muito grave, foi fechada frequente e continuadamente numa despensa com a luz apagada. Um castigo normal, segundo os autores do acórdão. Com razão comentou o presidente da Associação Portuguesa de Deficientes que esta “pedagogia da agressão” faz parte de um “quadro descritivo da idade média
”."

João Paulo Guerra no Diário Económico (ler aqui).

Das duas uma: ou o comentador não leu o Acórdão ou o leu. Se não o leu, devia ter feito e, como consequência, perde-se em divagações maldizentes sobre o que os juízes nunca chegaram a afirmar. Se leu, pior ainda. Esta á distorcer a realidade só para denegrir a imagem dos juízes.

Conforme se pode ler aqui, o que os juízes afirmaram foi:

"Quis ela evitar a hiperactividade do BB e por isso fechou-o na dispensa às escuras chegando a ficar ali fechado cerca de uma hora. Quis o descanso matinal seu e dos restantes utentes do lar e amarrou o menor nos termos supra descritos. Agiu com objectivo lícito, mas não podia deixar de saber que assim violentava, como violentou, a criança, infringindo-lhe um tratamento cruel, tanto mais que sabia ser pessoa doente, cujos problemas tinham que ser resolvidos antes de acordo com o aconselhado por médico-psiquiatra.

E, quanto às bofetadas, temos o dolo directo, pois não se provou qualquer outro objectivo relativamente ao qual a agressão funcionasse apenas com meio para atingir outros objectivos que não fossem o infligir sofrimento.

Não tem razão, pois, a recorrente."

Se o Acórdão afirma "não tem razão a recorrente", significa que não foi absolvida, precisamente o contrário do que o autor escreveu.

Triste figura a das Associações e eventuais sábios que surgiram na comunicação social a discutir uma notícia que foi totalmente fabricada pelos “media”.

12 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há muito que o nosso jornalismo está condenado,

segunda-feira, abril 17, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Quem anda pelas escolas deste País pode ouvir tudo e ser ofendido pelos pirralhos que não lhes dão educação em casa. Umas palmadas pedagógicas não mata ninguém e por vezes fazem milagres.Atenção sou contra a violência... levei réguadas no meu tempo de escola, estou aqui vivo e sem traumas...

segunda-feira, abril 17, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Quando era miudo o meu pai deu-me alguns tabefes quando eu saia da linha. Hoje só lhe tenho que agradecer por isso, porque me ajudou a ser um homem de bem.Agora não se pode tocar nos meninos, e é por etas e outras que há mais falta de respeito para com os pais, professores etc, e depois não se queichem que a crimenalidade aumenta.

segunda-feira, abril 17, 2006  
Anonymous Anónimo said...

É verdade. O acórdão está disponível para toda a gente que o quiser ler.E não condiz com o teor desta campanha

segunda-feira, abril 17, 2006  
Anonymous Anónimo said...

De facto o STJ tem tido atitudes perfeitamente descabidas mas também é verdade que neste caso toda a gente faz um grande alarido à volta da defesa das criancinhas,mas nas suas casas também aplicam a receita dos açoites no rabo. Quase toda a gente o faz mas não têm coragem para afirmá-lo. Também não vi esta reacção em relação à libertação de Paulo Pedroso. Mas, português é mesmo assim: fala, fala, mas...

segunda-feira, abril 17, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Vê-se a indisciplina ke graças nas escolas portuguesas; professores agredido... o respeito foi-se se os meninos fizerem keixas aos pais, os mesmos a frente dos filhos no lugar de os repreenderem ainda agridem os encarregados de educação. Essa mesma ke devia ser dada em casa, e o exemplo é divórcios, guerrinhas e novelas casa-se descasa-se. Umas palmadas nã fazem mal a ninguem.... disciplina precisa-se...

segunda-feira, abril 17, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Acho graça a estes paizinhos e mãezinhas perfeitinhas da silva, que ficam horrorizadas por alguém dar uma palmada a uma criança, mas que, depois, são os primeiros a ceder-lhes nos caprichos porque não têm tempo para eles...Não sou apologista de palmadas, e discordo veemente dos estalos e de fechar uma criança num quarto!Mas, quem nunca sequer teve "ganas" de dar uma palmada no rabo...

segunda-feira, abril 17, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Eu acho que umas palmadas e umas estaladas nunca fizeram mal a ninguém!Mas daí a amarrar crianças e metê-las em quartos escuros quando não querem comer vai muito!A essa funcionária é que lhe devia ser aplicado um correctivo e o Juiz deveria ser demitido!

segunda-feira, abril 17, 2006  
Anonymous Anónimo said...

Depois de ler estes comentários compreendo qual o motivo de haver tantos meninos hiperactivos,digo,malcriados...eu sou pai,gosto dos meus 2 filhos apesar de ter exercido sobre eles alguma pedagogia!!! fisica que não nego.Hoje são bem sucedidos na vida e meus amigos.Quem nunca pecou que atire a primeira pedra .Não compreendo quem defende as crianças sugerindo o enforcamento do juiz.Hipocrisia!!!

segunda-feira, abril 17, 2006  
Anonymous Anónimo said...

"As Nações Unidas estão a preparar, para debate na assembleia-geral de Setembro próximo, um estudo sobre a violência contra as crianças que contém uma recomendação no sentido da proibição universal dos castigos corporais."
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Este é o parágrafo que abre a notícia. O seu conteúdo comanda a escrita do escrevenhador avençado.
O que é que interessa o que diz o acórdão? Ele existe, e diga ele o que disser, pelo simples facto de existir serve perfeitamente para qualquer intelectualmente desonesto servir o seu senhor. Quer tenha ou não lido o acórdão.

segunda-feira, abril 17, 2006  
Anonymous Anónimo said...

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sexta-feira, fevereiro 02, 2007  
Anonymous Anónimo said...

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quarta-feira, março 07, 2007  

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