Fraquezas
"Vasco Pulido Valente recusou o convite dos ministros da Cultura, Educação e Assuntos Parlamentares para integrar a Comissão de Honra do Plano Nacional de Leitura. O colunista do Público passa a ser um dos poucos que pode exibir a capacidade para resistir aos encantos do poder socialista.
Infelizmente, a acumulação e a sucessão do desempenho de papéis e de funções incompatíveis fazem parte da realidade portuguesa. Não faltam exemplos no panorama político, económico, financeiro, judicial e mediático, mais ou menos descarados, de passagens meteóricas de fiscalizador a fiscalizado e vice-versa.
Políticos na reserva atravessam o deserto a fazer opinião em prime-time, ex-governantes saltitam de empresa em empresa contornando o regime de incompatibilidades, deputados afastados da primeira fila do parlamento ganham fortunas a representarem interesses diversos e jornalistas de referência fazem um extra através de serviços prestados a empresas privadas e de capitais públicos.
Maria José Morgado, numa recente intervenção pública, chegou a denunciar o «familiarismo», a propósito dos magistrados escolhidos para comissões de serviço não por mérito mas por critérios políticos.
O clima de promiscuidade reinante não é um facto recente, mas começa a ser tempo de avaliar as relações perigosas entre quem exerce cargos públicos e privados de grande relevância e quem os deveria escrutinar. O governo que cai na tentação de seduzir ou abafar os críticos tem falta de cultura democrática e é um obstáculo ao desenvolvimento.
A distribuição de convites e probendas ultrapassa largamente a questão da legitimidade e da legalidade, como sublinha Vasco Pulido Valente: «quem não percebe como o país chegou ao que chegou, não precisa de ir mais longe». O escrutínio das situações difusas em que germina o tráfico de influências não pode ficar limitado às relações entre as agências de comunicação e publicidade e os jornalistas. "
Rui Costa Pinto
Infelizmente, a acumulação e a sucessão do desempenho de papéis e de funções incompatíveis fazem parte da realidade portuguesa. Não faltam exemplos no panorama político, económico, financeiro, judicial e mediático, mais ou menos descarados, de passagens meteóricas de fiscalizador a fiscalizado e vice-versa.
Políticos na reserva atravessam o deserto a fazer opinião em prime-time, ex-governantes saltitam de empresa em empresa contornando o regime de incompatibilidades, deputados afastados da primeira fila do parlamento ganham fortunas a representarem interesses diversos e jornalistas de referência fazem um extra através de serviços prestados a empresas privadas e de capitais públicos.
Maria José Morgado, numa recente intervenção pública, chegou a denunciar o «familiarismo», a propósito dos magistrados escolhidos para comissões de serviço não por mérito mas por critérios políticos.
O clima de promiscuidade reinante não é um facto recente, mas começa a ser tempo de avaliar as relações perigosas entre quem exerce cargos públicos e privados de grande relevância e quem os deveria escrutinar. O governo que cai na tentação de seduzir ou abafar os críticos tem falta de cultura democrática e é um obstáculo ao desenvolvimento.
A distribuição de convites e probendas ultrapassa largamente a questão da legitimidade e da legalidade, como sublinha Vasco Pulido Valente: «quem não percebe como o país chegou ao que chegou, não precisa de ir mais longe». O escrutínio das situações difusas em que germina o tráfico de influências não pode ficar limitado às relações entre as agências de comunicação e publicidade e os jornalistas. "
Rui Costa Pinto
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