quinta-feira, setembro 17, 2009

17 de setembro de 1944.


A 17 de Setembro de 1944 três divisões aerotransportadas eram largadas atrás das linhas inimigas. A Operação Market Garden iniciava-se.

Fazia exatamente cinco anos que a Alemanha havia iniciado a II Guerra Mundial ao invadir a Polônia em 1 de setembro de 1939. O exército Alemão, que obtivera, inegavelmente, brilhantes vitorias nos dois primeiros anos da Guerra, encontrava-se, agora, na defensiva e praticamente vencido, como, aliás, já reconheciam alguns dos seus melhores Generais. Cercada por todos os lados, mas lutando furiosamente, retirara-se da Rússia, da África do Norte e da maior parte dos países ocupados da Europa. País de grande capacidade industrial, habitado por um povo reconhecidamente disciplinado, criativo e trabalhador, a Alemanha, no entanto, dependia de matérias primas importadas de países neutros ou ocupados, e encontrava-se, àquela altura, economicamente exaurida. Além do mais, todo o seu potencial humano já havia sido mobilizado, na vã tentativa de suprir as enormes perdas humanas dos seus exércitos em luta, especialmente no leste Europeu, diante do rolo compressor Russo.



O bom senso e lógica recomendariam o imediato início de conversações, visando o fim das hostilidades, inclusive do ponto de vista humanitário, pois, somente assim, poder-se-ia evitar os enorme sofrimento das populações civis, especialmente as que habitavam os grandes centros urbanos, intensamente bombardeados pela aviação aliada. Em setembro de 44, as maiores cidades Alemães já se encontravam praticamente arrasadas. No entanto, os figurões que lideravam o partido nazista, tendo à frente o seu líder, Adolf Hitler, não admitiam a idéia, talvez porque, com a paz, tivessem de ser defrontados diante dos crimes e das atrocidades que haviam sido praticadas por seu exércitos ao longo dos cinco anos de uma guerra que ensangüentara grande parte dos países envolvidos em quase todos os continentes do Globo. A pressão então exercida pelos aliados e a aparente exaustão das forças oponentes, recomendavam um golpe final; o desenvolvimento de um plano que levasse ao rápido aniquilamento dos exércitos Alemães e que acelerasse o fim das hostilidades. Em julho de 1944, o General Dwight Eisenhower , Supremo Comandante das forças aliadas na Europa, solicitou aos seus estrategistas a elaboração de um plano que viabilizasse a execução de um ataque aerotransportado que levasse ao encurtamento da Guerra. 18 planos foram apresentados. Em 10 de setembro, o Marechal Bernard L. Montgomery apresentou um novo plano que, após analisado, foi imediatamente aceito pelo Supremo Comandante. O objetivo estratégico da operação Market-Garden, era a ocupação da região industrial do Ruhr.



O plano de Montgomery previa o lançamento na Holanda ainda ocupada, (Fase Market), de três divisões aerotransportadas, mais uma Brigada independente. Essas forças, constituiriam o que Montgomery chamou de "tapete sobre os cinco obstáculos aquáticos mais importantes " : o canal Guilhermina, Zuid-Wilems-Waart, Mosa, Waal e Reno. O eixo da operação seria a estrada Eindhoven a Arnhem. A missão fundamental dessas tropas aerotransportadas seria a tomada de determinadas pontes sobre o cursos de água acima citados, cuja posse deveria ser sustentada até a chegada das forças blindadas de terra (Fase Garden) constituídas pelo 30.° corpo do exército britânico, que faria a junção com a infantaria do ar , consolidando a profunda brecha aberta nas linhas inimigas. Posteriormente, o avanço seria prolongado até o Zuidersee. Montgomery planejou, como se afirmou acima, a utilização de três divisões aerotransportadas. A 101ª Divisão pára-quedista Americana a 82ª Divisão pára-quedista, também Americana, a 1ª Divisão pára-quedista Inglesa e a 1ª Brigada pára-quedista Polonesa independente, totalizando 16.500 pára-quedistas e 20.000 soldados aerotransportados. Foram utilizados no transporte dessa tropa, cerca de 1.545 aviões de transporte e 478 planadores. Para a proteção área da tropa atacante, o comando aliado destacou 1.131 caças Britânicos e Americanos. A Operação Market é considerada, sem contestação, como a operação aerotransportada de maior porte jamais realizada pelas forças aliadas no decorrer de toda a II guerra mundial. A 101ª Divisão teve como alvo a cidade de Eindhoven e as pontes que cruzavam os povoados de Zon. A 82ª Divisão teve como meta a cidade de Grave, com o objetivo de capturar as pontes sobre o rio Maas e a 1ª Divisão Inglesa que foi lançada mais ao norte, nas proximidades da cidade de Arnhem, com a finalidade de tomar as pontes sobre o rio Nader.



De início as operações de lançamento das tropas pára-quedistas transcorreram sem grandes problemas, aliás, as perdas materiais e humanas, nesta fase, estiveram abaixo do esperado. Comunicado emitido pelo comando da 101ª, informava que os lançamentos transcorreram "como num desfile aéreo". É válido lembrar que toda operação estava programada para se desenvolver sob forte apoio aéreo, o que de fato ocorreu, mas somente no início, em virtude de dramáticas mudanças climáticas que impediram, inclusive, o lançamento de artilharia, suprimentos e reforços, o que veio a concorrer decisivamente para o seu fracasso, como veremos a seguir. O planos de Montegomery estiveram muito próximos de ser atingidos. O II exército Britânico, partindo da cidade de Eindhoven em direção a Arnhem, conseguiu cruzar quatro cursos de água, cujas pontes estavam em poder dos Americanos: O Canal Guilhermina, o Dommel o Mosa e o Waal. Lamentavelmente, a 1ª Divisão Inglesa, isolada, sem artilharia, tanques e munições, não conseguiu sustentar a cabeça de ponte de Arnhem, sucumbindo sob os intensos ataques da 11ª Divisão Panzer SS, rendendo-se, a 27 de setembro, depois de encarniçados combates. Dos 9.000 pára-quedistas que desceram sobre a área, menos de 2.500 conseguiram regressar às linhas aliadas.



Em suas memórias, Montgomery declara-se defensor "impenitente" do seu plano e enumera as seguintes causas para o fracasso da operação.

1ª - Embora Eisenhower tenha manifestado sua aprovação e determinado os meios necessários à sua concretização, parece que não houve o integral cumprimento de suas ordens por parte de alguns de seus generais. Diz ele:" Eisenhower é uma pessoa extremamente confiante; é a verdadeira encarnação da sinceridade, acreditando que os outros cumprem o que ele manda. Mas, no caso, os propósitos dele não foram executados."

2ª - "As forças aerotransportadas foram lançadas longe demais do objetivo vital - a ponte Arnhem. Decorreram algumas horas antes que a atingissem. Penitencio-me por este erro."
3ª - "O Tempo. Ele se virou contra nós". Linhas acima já comentou-se sobre este fator.
4ª - "O 2º Corpo Panzer estava se recuperando na região, aonde chegara depois do castigo que recebera na Normandia. Sabíamos que estava lá, mas erramos, supondo que não pudesse atuar eficazmente. Seu poder de combate estava muito além de nossa expectativa".




Há um outro curioso fator não considerado por Montgomery. O Coronel Oreste Pinto - que apesar do nome é Holandês de Nascimento - foi chefe da contra-espionagem Inglesa durante a II Guerra Mundial e escreveu um livro no qual narra sua experiência na contra-espionagem. Nesse livro, entre outros assuntos, afirma, categoricamente, que um traidor Holandês chamado Christian Lindemans , foi, segundo ele, Pinto, o grande responsável pelo fracasso da Operação. Preso pela equipe de Oreste Pinto, réu confesso, Lindemans , que antes de sua traição prestara grandes serviços à resistência Holandesa, obteve, por essa razão, certa proteção política, e jamais recebeu acusação oficial por sua traição. Morreu na prisão de Scheveningen, em 1946, perto de Haia, antes de ser submetido a julgamento.



O desfecho da batalha foi frustrante para os Aliados e deu novo alento aos Alemães para continuar uma luta desigual. O exército Alemão estava exaurido, mas ainda era uma importante força combativa. Alguns meses depois lançaria uma última ofensiva, conhecida como a Batalha das Ardenas, tentando retomar a iniciativa que, de há muito, passara às forças aliadas. Espasmos desesperados e inúteis. Todas as forças alemães no noroeste da Alemanha, Holanda e Dinamarca, renderam-se ao mesmo Marechal Montgomery, a 4 de maio de l945, 8 meses depois da Operação Market-Garden.

Fonte

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