sábado, março 24, 2007

Para memória futura.

"À época, falei com Baltazar. Afável e falador, não se furtou a nenhuma pergunta. Admitiu que não tinha querido saber da mãe da criança durante a gravidez nem da criança no primeiro ano de vida, porque não acreditava que "era dele". O facto de ter tido relações sexuais não protegidas com a mulher em causa não lhe parecia motivo suficiente para pôr a hipótese de ser pai. Precisava de provas mais rigorosas. Na dúvida, desinteressou-se da criança. A primeira vez que a viu, explicou-me, foi no Instituto de Medicina Legal de Coimbra, em Outubro de 2002, aquando da recolha de sangue para os testes de ADN, e nem terá olhado bem para ela, muito menos tentado pegar-lhe. "Estava-me a guardar", explicou. Quando, no início de 2003, soube o resultado dos testes, assumiu a paternidade. Meses depois, pediu a tutela da criança. Disse-me que desde essa altura tentara vê-la, entrar em contacto com o casal que a tinha em seu poder, sem sucesso. De pai desinteressado, Baltazar passara a pai desesperado. Não é, como se sabe, uma mutação inédita, em coisas do coração.

Nessa altura, nada publiquei. Faltava o resto da história, o resto que veio depois, em Dezembro, quando o sargento Gomes foi preso e julgado. E porque as coisas do coração são assim, dadas as extraordinárias mutações, o carpinteiro da Sertã, que até ali fora o injustiçado, passou a vilão. Face ao sargento fardado que enfrentava seis anos de prisão "por amor", Baltazar era o estroina, o obstáculo à felicidade da família heróica. No reality show que a história de E. se tornou, Baltazar já foi expulso. Mas, seja qual for a decisão final dos tribunais, há coisas que não podem ser reescritas. Baltazar é o pai biológico de E. E, nesta história, com jeito, ainda se vai a tempo de um final (quase) feliz
."

Fernanda Câncio no DN

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10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Quer dizer, como "não havia a certeza" de que a senhora iria aparecer, a polícia achou por bem não fazer nada. Ou seja, não chega a polícia saber onde e quando iria ser realizada a consulta, ainda precisavam que a senhora procurada telefonasse com antecedência a avisar que iria aparecer!! Tá bem tá. QUE VERGONHA. QUE PAÍS DE CORRUPTOS E MAFIOSOS.

domingo, março 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

As autoridades policias nao foram notificadas?! Poupem-nos. Os Tribunais emitem mandados de captura para serem cumpridos pelas Policias e ainda têm de informar onde se encontram as pessoas a deter?! Incompetência grossa, diz ela!

domingo, março 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Já deu para perceber que não há interesse em tirar a menina aos pais adoptivos; tanto mais que a ordem do tribunal não é só sobre a mãe. Se as autoridades sabiam que a criança iria á consulta, era uma boa oportunidade para cumprirem a decisão judicial e a entregarem ao pai biologico. Mas fizeram bem, pois ela está melhor com quem está.

domingo, março 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Quer dizer o Tribunal não avisou a PJ, porque não sabia se era a Srª. que trazia a criança. Por amor de Deus, isto é o espelho da Justiça, quando não querem, por vários motivos, as coisas permanecem na mesma. É uma vergonha dizer que não localizam a Srª. que anda com a criança. Já se viu o que pretendem. O pai biológico não pare, continue a lutar, desde 2004, que o faz.

domingo, março 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Tretas! Até o Sr. Sargento teve autorização para sair e ir com a miuda ao Hospital! A PSP fez muito bem em nada fazer. Afinal, depois, nem a "justiça" sabia o que fazer! Isto dá mesmo, infelizmente, para rir!

domingo, março 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Por amor de Deus, se as autoridades quisessem já tinham localizado o paradeiro da miuda e da mãe "adoptiva". Não era possível que a senhora conseguisse enganar a PJ, a GNR e a PSP. Só que não querem apanhá-la e cumprir a ordem judicial.Mas alguém ainda tem dúvidas disso ?

domingo, março 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Pensava que um mandado de detenção significava que qualquer força policial pode e deve deter a pessoa, seja em que ponto do território nacional se encontre. Afinal parece que as nossas forças policiais precisam que o tribunal lhes indique o sítio EXACTO onde devem fazer a detenção, senão não detêm ninguém. Como eu disse, isto já ultrapassa os limites do ridículo.

domingo, março 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Já vai sendo tempo de o Ministerio Público instaurar um inquérito 9 para averiguar da responsabilidade das policias pelo incumprimento de ordens judiciais. Ou será que vivemos num País 3º mundista?! Cumpra-se a Constituiçao e as Leis. Ponto final.

domingo, março 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Que grande novidade ter boa relação com o sargento. Tem andado "escondida", sem nunca poder ver ou contactar o pai biológico. Após a consulta, ao pedo-psiquiatra, a fuga continuou não sabiam que era a mulher do sargento que a levava, era capaz de ir sozinha. Haja bom senso, não a localizam por que não querem. Este processo é tendencioso e tem sido arrastado no tempo por isso mesmo.

domingo, março 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

A menina tem "boa relação com sargento"? Ora obrigado, pensa que aqueles são os pais dela, foi sempre impedida de contactar com os verdadeiros pais. Se formos por aí, a menina raptada em Penafiel também tinha uma excelente relação afectiva com a sua raptora! Se for esse o critério, todos os raptores de crianças podem ficar com elas passado uns anos!

domingo, março 25, 2007  

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