Sobre o carácter de alguns humanos do sítio ou da impossibilidade de matar um cadáver

A teleologia no sentido da teoria que explica os seres ou os orgãos pelo fim a que aparentemente são destinados, está na ordem do dia.

Os novos apóstolos, os secularistas evangélicos do politicamente correcto, já nem conseguem explicar o que é correcto ou incorrecto, baralham o facto de determinado indivíduo pelo facto de ser eleito, por uma dada maioria, e aqui a matemática é sempre uma coisa relativa, justificam como dizia, que os assuntos da moral e da ética não podem ser discutidos, porque é prejudicial ao país, à ordem estabelecida, ( a deles ), e a dos seus amos.

Então é ver, e tentar acreditar, que quem assassinou o carácter, e foram muitos e por muito menos, a um primeiro ministro de substituição, por fuga de outro à procura de melhor emprego, vêm agora dizer que não pode, que não é conveniente investigar factos por demais graves e que em qualquer sítio levariam à demissão por própria iniciativa.

O poder é uma coisa intrigante, mas que se pode perceber.

A fruta não cai porque, ou não está podre, ou está presa por um galho ou porque, por exemplo, a lei da gravidade não é aplicada, porque um grupo muito poderoso de forças assim o determinou.

Parece ser esse o caso, no exagero comparado com o que se passa com o actual PM e com o PR, que anda demasiado entretido com a inclusão, não sei se no sentido estrito se no sentido lato da coisa.

O Senhor Presidente da República considera que há coisas mais importantes para discutir e para resolver e parece que o Senhor Mendes concorda e o Senhor Mendes esquece que será tratado como descartável pelo Senhor Cavaco quando ele entender e que aqui, no remar contra a maré, é que se forjam os dirigentes com algum carácter e se aplicam as teorias de Maquiavel.

De carácter, e assassinatos dessa coisa, estamos falados, porque quem já passou por um lar de idosos, não deixa de notar o cheiro a urina ou o cheiro a urina misturado com detergente e os olhares parados de quem já nem sabe que existe e que há um mundo lá fora. Comparo este sítio a isso e pedindo desculpas por esquecer alguns, lembro os Madrinhas, os Menezes, as Leites, os Saraivas, os Cavacos, os Louçãs e por aí fora, parece que padecem desses males, pelo que desejo as melhoras, a bem do sítio.

Portanto o direito baseado na teleologia é inaplicável, nestas coordenadas, usando linguagem de marinhagem, porque o empirismo e a conveniência, são coisas modernas e logo progressistas e assim a democracia existe por uma mera contagem de votos, depois de contados, aparece o deserto.

No deserto os místicos poderão descobrir pedras falantes.

Pessoa escreve:
“É preciso não saber o que são flores e pedras e rios
Para falar dos sentimentos deles.
Falar das almas das pedras, das flores, dos rios,
É falar de si próprio e dos eus falsos pensamentos.
Graças a deus que as pedras são só pedras,
E que os rios não são senão rios,

E que as flores são apenas flores.”
(...)“

Quem pretenda escapar deveras ao solipsismo humano não deverá procurar lugares vazios. Em vez de fugir para o deserto, onde será devolvido aos seus próprios pensamentos, melhor fará em procurar a companhia de outros animais. Um jardim zoológico é uma janela mais adequada do que um mosteiro para quem queira contemplar a vida humana.” John Gray in Straw dogs