Couve de Bruxelas
"Existe uma ironia no Tratado de Lisboa. O triunfo político e diplomático nacional limita-se a confirmar o processo de diluição de Portugal na Europa.
Napoleão sonhava com uma moeda única para a Europa. O sonho de Napoleão acabou em St. Helena. Sócrates sonhava com um Tratado de Lisboa. O sonho de Sócrates transformou-se em realidade. Na bruma de Bruxelas, foi um Sócrates triunfante que anunciou o futuro da Europa.
Evitando a lógica da “refundação”, o Tratado de Lisboa representa o triunfo de uma Europa das emendas. Em lugar de um texto claro, conciso e transparente, o Tratado revolve-se numa sequência ilegível de notas e adendas. No essencial, garante-se o reforço da burocracia comunitária e aprofunda-se o processo de centralização da Europa. No fundamental, projecta-se a adopção da regra da maioria enquanto mecanismo central ao método de decisão comunitário. Nesta nova Europa, Portugal perde expressão e influência. No sistema ponderado de votação, Portugal valia 3.47% dos votos. Com o novo modelo consagrado pelo Tratado de Lisboa, Portugal vale apenas 2.14% dos votos. Em compensação, a Alemanha passa de 8.4% para 16.75% do total da votação. A este facto acresce a redução do número de deputados europeus, se antes Portugal elegia 24, agora passará a eleger 22 representantes.
Existe pois uma sofisticada ironia no Tratado de Lisboa. O triunfo político e diplomático nacional limita-se a confirmar o processo de diluição de Portugal na Europa. Lentamente, Portugal vai ficando reduzido à insignificância europeia. Uma fatalidade? Talvez. Entretanto, Portugal vai garantindo o oxigénio vital dos fundos comunitários.
Depois do esplendor do Tratado de Lisboa, segue-se a cimeira entre a União Europeia e a Rússia. Para a Rússia, a Europa sofre de uma “doença de crescimento”. Com o alargamento, a Europa arrisca um “recuo para o passado nacionalista e populista”. Para Moscovo, não poderá existir uma completa unidade do Continente enquanto a Rússia não se tornar parte integrante do processo europeu. Ou seja, a Rússia reafirma as suas credenciais enquanto representante de uma outra Europa para além da União Europeia. Da resposta política a esta questão depende muito do futuro da União Europeia.
Enquanto os Tupolev 95 patrulham de novo os céus do Atlântico, Lisboa recebe a exposição do Hermitage ou a “Arte e Cultura do Império Russo”. Como tantas vezes na História, a arte é quase sempre uma lição de política."
Carlos Marques de Almeida
Napoleão sonhava com uma moeda única para a Europa. O sonho de Napoleão acabou em St. Helena. Sócrates sonhava com um Tratado de Lisboa. O sonho de Sócrates transformou-se em realidade. Na bruma de Bruxelas, foi um Sócrates triunfante que anunciou o futuro da Europa.
Evitando a lógica da “refundação”, o Tratado de Lisboa representa o triunfo de uma Europa das emendas. Em lugar de um texto claro, conciso e transparente, o Tratado revolve-se numa sequência ilegível de notas e adendas. No essencial, garante-se o reforço da burocracia comunitária e aprofunda-se o processo de centralização da Europa. No fundamental, projecta-se a adopção da regra da maioria enquanto mecanismo central ao método de decisão comunitário. Nesta nova Europa, Portugal perde expressão e influência. No sistema ponderado de votação, Portugal valia 3.47% dos votos. Com o novo modelo consagrado pelo Tratado de Lisboa, Portugal vale apenas 2.14% dos votos. Em compensação, a Alemanha passa de 8.4% para 16.75% do total da votação. A este facto acresce a redução do número de deputados europeus, se antes Portugal elegia 24, agora passará a eleger 22 representantes.
Existe pois uma sofisticada ironia no Tratado de Lisboa. O triunfo político e diplomático nacional limita-se a confirmar o processo de diluição de Portugal na Europa. Lentamente, Portugal vai ficando reduzido à insignificância europeia. Uma fatalidade? Talvez. Entretanto, Portugal vai garantindo o oxigénio vital dos fundos comunitários.
Depois do esplendor do Tratado de Lisboa, segue-se a cimeira entre a União Europeia e a Rússia. Para a Rússia, a Europa sofre de uma “doença de crescimento”. Com o alargamento, a Europa arrisca um “recuo para o passado nacionalista e populista”. Para Moscovo, não poderá existir uma completa unidade do Continente enquanto a Rússia não se tornar parte integrante do processo europeu. Ou seja, a Rússia reafirma as suas credenciais enquanto representante de uma outra Europa para além da União Europeia. Da resposta política a esta questão depende muito do futuro da União Europeia.
Enquanto os Tupolev 95 patrulham de novo os céus do Atlântico, Lisboa recebe a exposição do Hermitage ou a “Arte e Cultura do Império Russo”. Como tantas vezes na História, a arte é quase sempre uma lição de política."
Carlos Marques de Almeida
9 Comments:
Não sejamos inocentes - nenhum dos partidos arriscaria ver o Tratado, aprovado durante a nossa presidência, ser chumbado por 20 000 portugueses que decidiram ir votar no referendo, por carolice ou, como é hábito, para punir qualquer que seja o governo em funções!
Quem contesta o tratado, ou, quem contesta socrates, é porque anda a dormir. O homem endoideceu de vez. Espero que os deputados europeus ponham socrates na linha, visto que os nossos, esses sim é que andam a dormir. Estamos tão mal governados, que falta de qualidade existe neste "lider".
Este acha que tem razão em tudo aquilo que faz. Os outros é que estão sempre errados, e os comentários dos outros nem sequer deviam existir. É assim que o "engenheiro" pensa, ou finge que pensa. Os outros têm que "...acordar...". Que falta de sentido democrático. Não se devia permitir ditadores no poder de um país que se diz democrático.
O tratado de Lisboa há muito que estava a ser preparado por outros governos, encontrando-se em stand-bey. Neste momento o Socrates recebe os louros, como se fosse ele o mentor do evento. afinal ele já tinha a "papa" feita.
Estou de acordo com tanto optimisto de Jorge Coelho. Além do simbolismo que é importante- a marca Portuguesa-, do êxito que considera com o Tratado de Lisboa. Meu caro Jorge Coelho, de acordo. Importa sermos realistas. Além do factos positivos enunciados, não deixou de SULBINHAR os 21,5 mil milhões de euros de fundos até 2013. Ãqui está a vitória. Mais dinheiro para cima dos problemas. o memso modus fasciendi, em África. A formação e os milhões gastos no passado, deve ser a maior mancha negra que alguma vez, o País assistiu. Desde sindicalistas que todos conhecem, (cujos processos em tribunal nunca mais chegam ao fim), ao exército de escritórios de formação, tudo abarbatou e se governou. Objectivos: os portugueses continuam na mesma. Ora com a próxima chuva de fundos, o problema vai ser o mesmo, os milhões de euros que aí vêm, vão "abastecer" mais uma quantidade infindável de mercenários da formação. Vamos ver o resultado em 2013.
Só isso. Uma cordazinha no nosso pescoço e dos outros pequeninos da UE. Mas quem se importa com isso? Vendemo-nos por pouco, bem pouco, alguns milhões, e vaidades! Longe vão os tempos em que a UE tinha de nos pagar para nos ter, nos nossos termos e condições, senão, cada um no seu rumo...Pois esqueci-me, havia capacidade e gente para termos rumo, hoje já não há. Claro, "fascizites". Tais como a Suiça tem hoje na sua aproximação muito ponderada e cautelar à UE, muito similar à que tivemos em 72 à CEE, sim em 72 caro Jorge Coelho, primeiros acordos formais bilaterais entre Portugal e CEE, onde a convergência dar-se-ia, passo a passo, sem choques, sectores em conversões programadas para só se abrirem como estão de pois de devidamente modernizados e capazes de competir com os "outros". Sucesso? Isto tudo? De quem? E a nossa pobreza gritante? E a convergência para a UE? E Timor, no meio disto, não me diga que não consegue ler ser a última peça da história mal acabada da "descolonização" em grande parte, também com grande sucesso, levada a cabo pelo seu partido? E referendo? Não? E a hipótese de se aceitar "pena de morte" para combate ao terrorismo, mesmo remotamente? E agora? Aprovada de "fininho" sem barulho, há que entrar em vigor também de "pantufas"... Depois, querem o "povo" mais perto da Europa! Que Europa? Que respeito me merece esta sua Europa????
Em Portugal há uns senhores, mais ou menos aldrabões, que há 32 anos falam enfáticamente de desenvolvimento, liberdade, social, igualdade, cultura, melhoria das condições de vida, etc( a lenga lenga do costume). Vão receber mais 21,5 mil milhões de euros, no passado receberam o equivalente a 2 milhões de contos/dia,milhões das privatizações das empresas que roubaram aos donos, estafaram mais de 500 toneladas do ouro que Salazar cá deixou, endividaram o País até ao tutano. Resultado: Somos os últimos da Europa, as empresas não param de fechar, o desemprego sobe,degradaram o ensino, a justiça e os cuidados de saúde, a insegurança aumenta, a desigualdade social aumenta, a pobreza já atinge 20% da população.Um sucesso de governação!
Acorde para a realidade deste país, deixese de tretas, saia da sua toca(cuidado que estamos em tempo de caça), fale com as pessoas, com o povo, aquele que anda no duro, nos campos, nas fábricas, nas oficinas, os funcionários públicos,os desempregados, não se fique por aqueles que bacocamente bajulam a si e ao partido em reuniões partidárias e manifestações "expontâneas" marcadas com dias de antecedência, ou pessoas levadas ao engano a um sítio qualquer sem saberem ao que vão e ficam todas contentes por verem um senhor que até por vezes aparece na televisão. Verá que o país que temos não é bem o que apregoa em tempos de governação socialista, e tem mais a ver com o que apregoa quando está na oposição. Quanto ao tratado de Lisboa, pela sua conversa até parece um comunista de antigamente a fazer o culto da personalidade do chefe. Como se o trabalho não estivesse quase todo feito, desde há muito tempo e por muita gente de outros países. Não faça o nosso povinho coitadinho sem perceber nada das suas intenções. Resta ainda saber se o Tratado foi feito à medida para servir os políticos ou para servir os cidadãos; para servir quem já é poderoso para ficar ainda mais poderoso; para servir grupos de interesses ou a generalidade da população da Europa. Referendo? Quem vai ter paciência e conhecimentos técnicos para ler tão doutas palavras? Poderá ser um pau de dois bicos, ou faca de dois gumes. Os que defendem o referendo serão os primeiros que na campanha de "esclarecimento" irão falar de tudo menos do Tratado.Os PC's e bloquistas vão simplesmente estar no contra e ficam-se por aí porque as guerras deles são outras, e votam não e dizem para votar não porque não; os outros votam sim porque sim. O resultado poderá ser uma desagradável surpresa, porque a maioria irá, mais uma vez, ficar silenciosa.
Nós os Eleitos Socialistas somos a continuação da raça lusa, os restantes são os pobretanas, que já naõ têm força para pensar. Foi o nosso e grande Homem Mário Soares que abriu as portas do nosso sucesso, nós somos a continuidade vamos defender os nossos valores contra tudo e todos sem olhar a meios VIVA os Socialistas. Pobres têm e devem continuar é uma raça que naõ pode ser extinta, e de vez em quando poderemos repescar um para guarda costas.
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