Alô, alô!
"As escutas, cujo controlo nenhuma lei ou juiz nos pode garantir, estão reduzidas a uma forma de voyeurismo votado à inutilidade
Pinto Monteiro disse, com a maior naturalidade, que “provavelmente” até o seu telemóvel estava sob escuta. E a única leitura possível para qualquer cabeça sã é que quis desdramatizar a questão. Sem pactuar com aquilo que agora todos lhe exigem. Que não revele o que lhe vai na alma. Que seja hipócrita e cínico. Que minta, afinal. Em vão, aliás. Porque hoje os potenciais alvos das escutas (criminosos ou não) já muito pouco se preocupam com a sua existência. Pura e simplesmente, já todos partimos do princípio de que a nossa privacidade acabou e que sempre que falamos com alguém podemos ter um atento ‘cusca’ a deliciar-se com as nossas mais íntimas, inocentes e saborosas loucuras. Só porque estamos a falar com a pessoa ‘errada’ ou alguém decidiu da nossa ‘perigosidade’. Enfim, já contamos com eles. Nós os que nada temos a recear e, por maioria de razão, aqueles que têm alguma coisa a esconder. O que transforma a questão do valor objectivo das escutas, no combate ao crime, numa facécia revisteira que muito dificilmente acrescentará o que quer que seja a qualquer investigação.
Agora, que os criminosos sabem da existência de escutas, já não as receiam. Toureiam os pacientes escutadores inventando novas formas de contactar entre si. Discutir publicamente as escutas e ‘legalizá-las’ foi, assim, com a melhor das intenções, retirar-lhes qualquer eficácia. Enquanto os grandes passarões não sonhavam sequer que estavam, também, a falar com o ‘inimigo’, o método ainda rendeu. Pouco, mas rendeu. Agora nicles. Só por milagre ajudará a apanhar grandes crimimosos ou a desmantelar grupos terroristas, golpes ou conspirações. Os mais diligentes investigadores só apanharão arraia miúda e atrasados mentais que, muito provavelmente, os tribunais virão até a considerar inimputáveis por défice intelectual profundo. É o azar dos Cabrais. As escutas, cujo controlo nenhuma lei nem nenhum juiz ou magistrado (nenhum!!!) nos pode garantir (como nunca nos garantiram a inviolabilidade do segredo de justiça), estão reduzidas a uma forma de voyeurismo votado à inutilidade. E as suas vítimas somos potencialmente todos nós que, como Pinto Monteiro, apenas podemos encolher os ombros e não ligar patavina. Mas os guardiãos da pureza dos discursos transformaram essa tentativa de desdramatização de Pinto Monteiro num fantástico drama nacional.
Não houve bicho careta que não verberasse a heresia. Muito corporativamente, magistrados, investigadores, advogados, políticos, comentadores e outros vigilantes da virgindade da República e do politicamente correcto pediram (com cínica reserva) a cabeça de Pinto Monteiro. Todos muito senhores do seu doutoral papel e lestos no pseudo-exercício do seu direito à indignação. Porque, insistem eles, cá na terra, figuras públicas têm um dever de fingir. De mostrar circunspecção. Respeito pelas instituições mesmo quando toda a gente sabe que elas estão podres. O que se criticou a Pinto Monteiro foi a lucidez e a ousadia de não ser circunspecto (como Cavaco) ou hipócrita como os dirigentes políticos deste País.
De Pinto Monteiro espera-se, agora, que desmascare, à moda dos bons velhos homens honrados do País profundo (que sempre olhará o País institucional de soslaio), a tacanhez e a hipocrisia dos seus assanhados críticos."
João Marques dos Santos
Pinto Monteiro disse, com a maior naturalidade, que “provavelmente” até o seu telemóvel estava sob escuta. E a única leitura possível para qualquer cabeça sã é que quis desdramatizar a questão. Sem pactuar com aquilo que agora todos lhe exigem. Que não revele o que lhe vai na alma. Que seja hipócrita e cínico. Que minta, afinal. Em vão, aliás. Porque hoje os potenciais alvos das escutas (criminosos ou não) já muito pouco se preocupam com a sua existência. Pura e simplesmente, já todos partimos do princípio de que a nossa privacidade acabou e que sempre que falamos com alguém podemos ter um atento ‘cusca’ a deliciar-se com as nossas mais íntimas, inocentes e saborosas loucuras. Só porque estamos a falar com a pessoa ‘errada’ ou alguém decidiu da nossa ‘perigosidade’. Enfim, já contamos com eles. Nós os que nada temos a recear e, por maioria de razão, aqueles que têm alguma coisa a esconder. O que transforma a questão do valor objectivo das escutas, no combate ao crime, numa facécia revisteira que muito dificilmente acrescentará o que quer que seja a qualquer investigação.
Agora, que os criminosos sabem da existência de escutas, já não as receiam. Toureiam os pacientes escutadores inventando novas formas de contactar entre si. Discutir publicamente as escutas e ‘legalizá-las’ foi, assim, com a melhor das intenções, retirar-lhes qualquer eficácia. Enquanto os grandes passarões não sonhavam sequer que estavam, também, a falar com o ‘inimigo’, o método ainda rendeu. Pouco, mas rendeu. Agora nicles. Só por milagre ajudará a apanhar grandes crimimosos ou a desmantelar grupos terroristas, golpes ou conspirações. Os mais diligentes investigadores só apanharão arraia miúda e atrasados mentais que, muito provavelmente, os tribunais virão até a considerar inimputáveis por défice intelectual profundo. É o azar dos Cabrais. As escutas, cujo controlo nenhuma lei nem nenhum juiz ou magistrado (nenhum!!!) nos pode garantir (como nunca nos garantiram a inviolabilidade do segredo de justiça), estão reduzidas a uma forma de voyeurismo votado à inutilidade. E as suas vítimas somos potencialmente todos nós que, como Pinto Monteiro, apenas podemos encolher os ombros e não ligar patavina. Mas os guardiãos da pureza dos discursos transformaram essa tentativa de desdramatização de Pinto Monteiro num fantástico drama nacional.
Não houve bicho careta que não verberasse a heresia. Muito corporativamente, magistrados, investigadores, advogados, políticos, comentadores e outros vigilantes da virgindade da República e do politicamente correcto pediram (com cínica reserva) a cabeça de Pinto Monteiro. Todos muito senhores do seu doutoral papel e lestos no pseudo-exercício do seu direito à indignação. Porque, insistem eles, cá na terra, figuras públicas têm um dever de fingir. De mostrar circunspecção. Respeito pelas instituições mesmo quando toda a gente sabe que elas estão podres. O que se criticou a Pinto Monteiro foi a lucidez e a ousadia de não ser circunspecto (como Cavaco) ou hipócrita como os dirigentes políticos deste País.
De Pinto Monteiro espera-se, agora, que desmascare, à moda dos bons velhos homens honrados do País profundo (que sempre olhará o País institucional de soslaio), a tacanhez e a hipocrisia dos seus assanhados críticos."
João Marques dos Santos
10 Comments:
Um País carente de tudo... um Pais enfermo e moribundo.Um barco á deriva.33 anos de saldo negativo. Perda de valores morais,ausência de justiça,de saúde e educação. Um País ,que até se conforma com médias de 10 valores. Uma vergonha para quem governa! 48 de ditadura + 32 democracite = 80 anos de atraso... É obra!
Pois é...quem como eu trabalha todos os dias dentro do sistema judicial entende o alcance e os objectivos desta campanha contra as escutas telefónicas: a sua describilização e o aumento teórico da dificuldade da sua realização. Razão subjacente: os advogados de defesa não as querem como meio de prova em tribunal.continua....
As consequências serão terríveis...mas para o cidadão honesto e cumpridor, pois os criminosos serão + facilmente absolvidos.Facto: Fazer escutas só com autorização judicial e não são fáceis de fazer. Dão imenso trabalho para o responsável da investigação que só as faz em ultimo caso. Não são feitas exageradamente nem provocam ruidos no telemóvel, qq operadora confirma isto
Aquando do des(governo) Durão Barroso, passado a Santana Lopes, andava tudo de pantanas ninguém se entendia. E agora, como é que é? Anda tudo descontrolado, fazem-se leis sem sentido, mente-se ao povo, impostos sobre impostos e continuamos nesta miserável politiquice? Pois, nessa altura era Presidente da República o Jorge Sampaio, que na 1ª oportunidade demitiu o des(governo).
Subscrevo as afirmações de Luiza.Ainda há quem se admire com os frutos deste (des)governo?!Afirmação de Maria José Morgado sobre a "reforma da Justiça": "uma aspirina para tratar um cancro"!Estes charlatões demagogos que só pensam nos seus benefícios já deviam ter sido corridos.
Se um reputado penalista, acha as reformas do novo código penal e do novo código processo penal têm "soluções arrepiantes", afinal o que é que nos espera a nível da justiça?! O cidadão comum vai esperar o quê? Que lhe façam justiça quando dela precisarem? Bem disse Catalina Pestana e os portugueses corroboram; estas alterações foram feitas a pensar nos pedófilos da Casa Pia!
Podem escutar as minhas conversas, videografarem-me, perseguirem-me, pois ando de cabeca erguida. Só tem medo e fala quem não está de bem com a sua própria consciência.
A mim podem escutar o tlm e o tel fixo.Sem problemas nenhuns.Nao roubo,nao assassino, nao sou corrupto,não minto descaradamente,não trafico influências,não recebo luvas, não sou pedofilo,não trafico drogas nem mulheres e sobretudo não sou politico.Não tenho problema nenhum se me escutarem as conversas.Ao contrário de muitos que protestam contras as escutas
A ser verdade, esses "ruídos esquisitos", o PGR já não pode utilizar linguagem tipo "inglês técnico", que "PORRA PÁ"! Não me inclino que sejam forças secretas de outra galáxia, mas sim dalguma base bélica fundeada aqui na costa Atlântica que quer brincar às escondidas. Não façam uso das novas tecnologias e troquem-lhes a volta como diria o poeta. Usem códigos na escrita.
Se cada um de nós fosse dizer que estava a ser escutado quando o telefone/telemóvel faz barulho esquisito, todos estavam a ser escutados, até o meu gato. Uma pessoa como o Sr.Procurador deve saber que numa escuta não há barulhos, logo o Sr.disse asneira. Isto serve para alimentar o folclore deste país e esquecer os milhares de desempregados e todos aqueles que imigram por essa Europa fora.
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