DA HIPOCRISIA NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
"Eu não observo a geral veneração pelo Dalai Lama e não tenho do Tibete anterior à (bárbara) ocupação chinesa uma visão idílica. Por isso segui com prudente distância o coro de insultos ao nosso Governo, que fugiu de Sua Santidade (sic) aquando da sua recente estada em Portugal. Na altura, almas indignadas falaram em cobardia, hipocrisia, submissão à China, a interesses comerciais e aos sujos meandros da realpolitik. À superfície, Portugal parecia repleto de ardentes campeões dos direitos humanos e de uma oprimida causa. Mesmo para um observador relativamente neutro, era bonito de se ver.
Esta semana, porém, o Dalai Lama visitou os Estados Unidos. George W. Bush recebeu-o na Casa Branca e praticamente não li um comentário à respectiva coragem. O Congresso deu-lhe a medalha de ouro e não registei um aplauso à respectiva frontalidade. A administração norte-americana ignorou as repetidas ameaças de Pequim e não descobri elegias ao respectivo respeito pelos valores humanitários.
Afinal, pelo menos por cá, o que parecia uma sincera partilha das dores tibetanas era somente um pretexto razoável para atacar o eng. Sócrates e o dr. Amado. Em simultâneo, não era um pretexto suficiente para elogiar Bush. O sofrimento de uns rústicos nos Himalaias justifica muita coisa, mas não a humilhação de certos profissionais da solidariedade, que preferem desalojar Sua Santidade do altar em que o colocaram a curvarem-se perante o Mal - o mal deles, claro. A pluralidade da "realpolitik" é um aborrecimento."
Alberto Gonçalves
Esta semana, porém, o Dalai Lama visitou os Estados Unidos. George W. Bush recebeu-o na Casa Branca e praticamente não li um comentário à respectiva coragem. O Congresso deu-lhe a medalha de ouro e não registei um aplauso à respectiva frontalidade. A administração norte-americana ignorou as repetidas ameaças de Pequim e não descobri elegias ao respectivo respeito pelos valores humanitários.
Afinal, pelo menos por cá, o que parecia uma sincera partilha das dores tibetanas era somente um pretexto razoável para atacar o eng. Sócrates e o dr. Amado. Em simultâneo, não era um pretexto suficiente para elogiar Bush. O sofrimento de uns rústicos nos Himalaias justifica muita coisa, mas não a humilhação de certos profissionais da solidariedade, que preferem desalojar Sua Santidade do altar em que o colocaram a curvarem-se perante o Mal - o mal deles, claro. A pluralidade da "realpolitik" é um aborrecimento."
Alberto Gonçalves
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