sábado, novembro 24, 2007

PSD, SA

"Menezes quer um PSD sem pechas ideológicas. Sem ideias. Apenas com objectivos. Que destrua a concorrência e lidere o mercado do voto. 1. Menezes, como não tem nada para oferecer ao País, verdadeiramente diferente do que Sócrates possa oferecer-lhe também, volta os seus ímpetos reformadores para dentro do seu próprio partido. Assim nota-se menos que está fora de jogo. Quer transformar o PSD num partido empresa. Surpreendente? Nem por isso. Os esquemas mentais de Menezes não são de homem de Estado. Recorde-se, aliás, que o “homem de estado” com virtudes e objectivos que ultrapassam os mesquinhos interesses pessoais imediatos foi liquidado há muitos, muitos anos. E, por isso, se impõe a distinção entre “homens de estado” e “homens do espaço do Estado”. O “homem do espaço do Estado” a que Menezes já julga pertencer pode situar-se em qualquer família de interesses que nada tenham a ver com o interesse público. Menezes, que, de todo, não sabe o que fazer para melhorar o Estado, o seu prestígio e as suas funções históricas, começa por onde pode. Pelo seu próprio partido. Quer ser o accionista número um da empresa PSD. Quer que a empresa trabalhe para o patrão, como todas as empresas que se prezam. E que dê lucros. Anseia por dividendos. Prefere, por isso, desdenhar militâncias e pagar a quem o sirva. Para melhor poder despedir quem não execute as suas ordens. Porque os militantes não se despedem mas os trabalhadores da empresa sim. Menezes quer um PSD sem pechas ideológicas. Sem ideias. Apenas com objectivos. Que destrua a concorrência e lidere o mercado do voto. A qualquer custo. Mas ao pretender empresarializar o PSD nega, com toda a “candura”, a sua qualidade de homem de Estado. Exibe a sua impreparação e os seus ímpetos de flibusteiro dos espaços do Estado. É assim. Nos partidos do centro, os únicos com acesso ao poder nesta democracia paulatinamente forjada para esse efeito, longe vão os dias em que a política se fazia com cidadãos empenhados numa causa comum que os ultrapassava. Num programa e muita paixão. Afastados da disputa do poder os partidos não alinhados, transformados em seitas quase religiosas, tudo passou a ser possível. Para já, Menezes quer levar a empresa PS à falência. Se, e quando, o conseguir, presume-se que começará a empresarialização do Estado. Com o grotesco que a nova “ideologia” promete.

2.Pinto Monteiro fez uma declaração bombástica. Corajosa mas vazia de sentido. Solidarizou-se com os seus pares e diz que nunca será um PGR dependente do poder político. Esquece que foi uma escolha do poder político. Uma sua criação. Acarreta consigo o pecado original de que nenhum exorcismo o libertará. E a que nunca conseguirá escapar. Esquece que sem esta prova de confiança do poder político (que sempre esperou cobrá-la) nunca teria passado de um respeitável, mas anónimo, conselheiro do STJ. Quer, agora, esquecer que estas escolhas têm custos. Que tacitamente aceitou. O poder político até pode perdoar-lhe e agradecer-lhe estas inocentes proclamações, que podem levar alguns incautos a acreditar nelas, atribuindo ao sistema garantias que ele não nos dá. Está em liberdade condicional, apenas. À mínima prevaricação regressa a penates. E, afinal, dr. Pinto Monteiro, quem não depende do poder político? Das suas iniciativas políticas? Do modo como trata juízes, tribunais e todos os que recorrem à Justiça? Gostava de ser a excepção? Valha-nos Deus
."

João Marques dos Santos

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