ADORAR IMAGENS
"Segundo o ministro da Economia, "o nosso país tem mais valor do que muitos dizem e pensam". Por azar, "passa relativamente desapercebido", já que "é preciso conhecê-lo bem para se começar a gostar dele". Então não? Nós, que o conhecemos de cor, temos por Portugal uma desmesurada veneração e nunca nos ocorreria questionar o seu valor nem dizer ou pensar coisas feias a seu propósito. O problema são os estrangeiros, condenados a subsistir na ignorância das maravilhas lusitanas. A solução é criar uma nova "imagem" e divulgá-la em revistas e outdoors de Espanha, Alemanha, França e Inglaterra.
Esta "imagem", que o dr. Manuel Pinho apresentou com adequado entusiasmo, visa atrair "actuais e potenciais visitantes, investidores e compradores de produtos portugueses". Será difícil falhar. Mesmo porque a respectiva campanha publicitária conta com retratos de oito "personalidades" de uma "geração de talentos que se está a afirmar a nível internacional" e que, continuo a citar o dr. Pinho, tem "garra e gana para vencer": quatro desportistas, uma cantora, um decorador, uma investigadora e uma artista plástica. Esmagador. Que alemão não apanhará um voo para a Portela meia hora após contemplar um cartaz com o jogador Ronaldo? E que francês resistirá aos convites de Mourinho?
De qualquer modo, na hipótese absurda de um inglês não se vergar às recomendações do decorador Miguel Câncio Martins (?) e de um espanhol permanecer indiferente à voz de Mariza, o Governo lançou um isco imbatível, ausente das anteriores, e pelos vistos falhadas, "imagens" e campanhas. Não, nada da velha gastronomia (que a ASAE vai abatendo), do velho litoral (que a construção desfez) ou do velho clima (que o lendário aquecimento global democratizou).
De acordo com o secretário de Estado do Turismo, Portugal prepara-se para exibir ao mundo a sua liderança em "energias renováveis", leia-se os geradores eólicos que resgataram as nossas montanhas da sua aridez natural. Não acreditam? Eu também duvidava do potencial turístico das ventoinhas. Mas só até ler nos jornais, há cerca de um ano, os elogios de um presidente de Junta às ditas: "Dantes não havia o que fazer. Hoje o povo chega em excursões por causa das ventoinhas e junta-se em piqueniques à volta delas."
Se não vivesse no meio dele, eu próprio faria milhares de quilómetros para assistir a semelhante espectáculo. Não falo das ventoinhas, mas de autarcas assim, de merendeiros assim e, já agora, de governantes assim."
Alberto Gonçalves
Esta "imagem", que o dr. Manuel Pinho apresentou com adequado entusiasmo, visa atrair "actuais e potenciais visitantes, investidores e compradores de produtos portugueses". Será difícil falhar. Mesmo porque a respectiva campanha publicitária conta com retratos de oito "personalidades" de uma "geração de talentos que se está a afirmar a nível internacional" e que, continuo a citar o dr. Pinho, tem "garra e gana para vencer": quatro desportistas, uma cantora, um decorador, uma investigadora e uma artista plástica. Esmagador. Que alemão não apanhará um voo para a Portela meia hora após contemplar um cartaz com o jogador Ronaldo? E que francês resistirá aos convites de Mourinho?
De qualquer modo, na hipótese absurda de um inglês não se vergar às recomendações do decorador Miguel Câncio Martins (?) e de um espanhol permanecer indiferente à voz de Mariza, o Governo lançou um isco imbatível, ausente das anteriores, e pelos vistos falhadas, "imagens" e campanhas. Não, nada da velha gastronomia (que a ASAE vai abatendo), do velho litoral (que a construção desfez) ou do velho clima (que o lendário aquecimento global democratizou).
De acordo com o secretário de Estado do Turismo, Portugal prepara-se para exibir ao mundo a sua liderança em "energias renováveis", leia-se os geradores eólicos que resgataram as nossas montanhas da sua aridez natural. Não acreditam? Eu também duvidava do potencial turístico das ventoinhas. Mas só até ler nos jornais, há cerca de um ano, os elogios de um presidente de Junta às ditas: "Dantes não havia o que fazer. Hoje o povo chega em excursões por causa das ventoinhas e junta-se em piqueniques à volta delas."
Se não vivesse no meio dele, eu próprio faria milhares de quilómetros para assistir a semelhante espectáculo. Não falo das ventoinhas, mas de autarcas assim, de merendeiros assim e, já agora, de governantes assim."
Alberto Gonçalves
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home