IRRACIONAIS, ELES?

"Consta que controladores aéreos portugueses interceptaram ameaças de bomba à Torre Eiffel. Com todo o respeito, deve haver engano. Não acredito que "jihadistas" queiram destruir o símbolo turístico de Paris. De resto, não acredito que, na véspera de Natal, uma alegada sucursal da al-Qaeda tenha assassinado quatro turistas franceses na Mauritânia. Ou que ocasionalmente a polícia francesa prenda seguidores de Maomé pela tentativa de explodir com uma multidão a jeito. É inegável: a fúria da "rua árabe" deriva exclusivamente das intervenções norte-americanas no exterior e, claro, das sinistras ligações de Washington ao sionismo internacional. Os mártires, corajosos e coitados, reagem a provocações. E, neste contexto, não existe país menos provocador que a França. A França liderou a oposição à guerra do Iraque. A França lidera a oposição a todos os produtos americanos, das artes à comida. A França, oficial ou não, odeia a América desde De Gaulle e Israel desde Israel. A França abriga milhões de muçulmanos. A França disponibiliza centenas de automóveis/dia para que os jovens muçulmanos pratiquem o milenar ritual do Renault em chamas. A França, pelo amor de Alá, é mais muçulmana do que Meca. Pensar que, apesar destas credenciais, a França pudesse atrair atentados de autoria islâmica seria imputar ao islamismo uma irracionalidade que os factos estão muito longe de confirmar. Isto é tão evidente que só um palerma compreende."

Alberto Gonçalves