SAUDADE SEM SAIR DO MESMO SÍTIO
"Ela chama-se Saudade (leio no JN), tem 86 anos e é de Riba de Mouro, Monção. Aquelas terras e as vizinhas encheram o Brasil e Cuba, no séc. XIX. Cem anos depois, os filhos foram para Paris ou Barcelona. Quando os eurocratas se reuniram em 2000 e debateram as virtudes do que chamaram "mobilidade geográfica", já esses minhotos e galegos andavam a praticá-la desde sempre. Mas nem todos: vejam Saudade, a mal baptizada. Saudade de quê? O mais longe que saiu de Riba de Mouro foi a uma freguesia vizinha, a dez quilómetros - aconteceu há mais de 50 anos e uma só vez. Entrou num automóvel também em vez única. Dez metros andados, pôs-se aos berros porque as coisas andavam para trás. Saudade gosta das coisas, e sobretudo de si, no mesmo sítio. A média europeia dos que já trabalharam longe de casa é de 21%. Ora a média dos portugueses é só de 13%. Saudade é caso exagerado, é certo. Mas ajuda a não nos iludirmos demasiado sobre a nossa fama de emigrantes."
Ferreira Fernandes
Ferreira Fernandes
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