Crédito arrefece mercado das casas
"Os ‘patos bravos’ prosperaram e contaram com a ajuda de autarcas pouco rigorosos.
O diagnóstico traçado pelos responsáveis pelo Plano Estratégico da Habitação comprova a irracionalidade do mercado imobiliário português. Há mais de meio milhão de casas vagas e a taxa de crescimento da construção da década de 90 foi largamente superior à dos restantes países europeus. O ritmo de construção em Portugal na década de 90 foi o dobro da francesa e da espanhola e o triplo da italiana. O arrefecimento que se vive agora no mercado imobiliário é resultado desse crescimento irracional, que danificou irreversivelmente o território, mas que permitiu enriquecimentos fabulosos a promotores imobiliários e a construtores civis.
Os ‘patos bravos’ prosperaram e contaram com a ajuda de autarcas pouco rigorosos, para quem a preservação do ambiente e o ordenamento do território não passavam de detalhes a ultrapassar. À medida que os juros baixavam, as casas aumentavam de valor a um ritmo quase mensal. A concessão de crédito hipotecário foi liberalizada e os bancos acumularam lucros fabulosos, e eles próprios são responsáveis por parte da valorização do mercado, uma vez que avaliavam uma casa de 15 mil contos que no ano seguinte já valia mais de 20 mil contos e, poucos anos depois, noutra transacção essa mesma habitação seria avaliada facilmente por 30 mil contos.
A agonia em que entrou a economia portuguesa a partir do início do novo milénio ajudou a travar essa espiral. A crise financeira internacional dificultou o acesso ao crédito nos mercados financeiros internacionais, onde os bancos portugueses vão buscar dinheiro para emprestar às famílias portuguesas. Em consequência, os juros sobem e os bancos são mais cauteloso na avaliação das casas. Compreende-se que a avaliação das casas seja mais conservadora, porque com o fim das valorizações automáticas do mercado os bancos não se arriscam a ficar com uma hipoteca mais cara do que o valor do mercado.
BANCOS MAIS EXIGENTES
O último inquérito realizado à banca nacional pelo Banco de Portugal confirma que os bancos estão mais cuidadosos na concessão de créditos. E no segundo trimestre deste ano as instituições financeiras prometem continuar a "adoptar critérios de aprovação de empréstimos mais exigentes". A "deterioração das expectativas quanto à actividade económica em geral e das perspectivas para o mercado da habitação, a par do aumento do custo de financiamento e restrições de balanço dos bancos", tenderá a reflectir-se no aperto da concessão de novos empréstimos às famílias e numa pressão para aumento dos spreads, a margem do negócio do banco. "
Armando Esteves Pereira
O diagnóstico traçado pelos responsáveis pelo Plano Estratégico da Habitação comprova a irracionalidade do mercado imobiliário português. Há mais de meio milhão de casas vagas e a taxa de crescimento da construção da década de 90 foi largamente superior à dos restantes países europeus. O ritmo de construção em Portugal na década de 90 foi o dobro da francesa e da espanhola e o triplo da italiana. O arrefecimento que se vive agora no mercado imobiliário é resultado desse crescimento irracional, que danificou irreversivelmente o território, mas que permitiu enriquecimentos fabulosos a promotores imobiliários e a construtores civis.
Os ‘patos bravos’ prosperaram e contaram com a ajuda de autarcas pouco rigorosos, para quem a preservação do ambiente e o ordenamento do território não passavam de detalhes a ultrapassar. À medida que os juros baixavam, as casas aumentavam de valor a um ritmo quase mensal. A concessão de crédito hipotecário foi liberalizada e os bancos acumularam lucros fabulosos, e eles próprios são responsáveis por parte da valorização do mercado, uma vez que avaliavam uma casa de 15 mil contos que no ano seguinte já valia mais de 20 mil contos e, poucos anos depois, noutra transacção essa mesma habitação seria avaliada facilmente por 30 mil contos.
A agonia em que entrou a economia portuguesa a partir do início do novo milénio ajudou a travar essa espiral. A crise financeira internacional dificultou o acesso ao crédito nos mercados financeiros internacionais, onde os bancos portugueses vão buscar dinheiro para emprestar às famílias portuguesas. Em consequência, os juros sobem e os bancos são mais cauteloso na avaliação das casas. Compreende-se que a avaliação das casas seja mais conservadora, porque com o fim das valorizações automáticas do mercado os bancos não se arriscam a ficar com uma hipoteca mais cara do que o valor do mercado.
BANCOS MAIS EXIGENTES
O último inquérito realizado à banca nacional pelo Banco de Portugal confirma que os bancos estão mais cuidadosos na concessão de créditos. E no segundo trimestre deste ano as instituições financeiras prometem continuar a "adoptar critérios de aprovação de empréstimos mais exigentes". A "deterioração das expectativas quanto à actividade económica em geral e das perspectivas para o mercado da habitação, a par do aumento do custo de financiamento e restrições de balanço dos bancos", tenderá a reflectir-se no aperto da concessão de novos empréstimos às famílias e numa pressão para aumento dos spreads, a margem do negócio do banco. "
Armando Esteves Pereira
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