domingo, maio 11, 2008

Castelo de Almourol


Situado numa pequena ilha escarpada, no curso médio do rio Tejo, o Castelo de Almourol é dos monumentos militares medievais mais emblemáticos e cenográficos da Reconquista, sendo, simultaneamente, um dos que melhor evoca a memória dos Templários no nosso país.

As origens da ocupação deste local são bastante antigas e enigmáticas, mas o certo é que em 1129, data da conquista deste ponto pelas tropas portuguesas, o castelo já existia e denominava-se Almorolan.

Entregue aos Templários, principais responsáveis pela defesa da capital, Coimbra, o castelo foi reedificado e assumiu as características arquitectónicas e artísticas essenciais, que ainda hoje se podem observar. Através de uma epígrafe sobre a porta principal, sabemos que a conclusão das obras foi em 1171, dois anos após a grandiosa obra do Castelo de Tomar. São várias as características que unem ambos, numa mesma linha de arquitectura militar templária. Em termos planimétricos, a opção foi por uma disposição quadrangular dos espaços. Em altura, as altas muralhas, protegidas por nove torres circulares adossadas, e a torre de menagem, verdadeiro centro nevrálgico de toda a estrutura.

Estas últimas características constituem dois dos elementos inovadores com que os Templários pautaram a sua arquitectura militar no nosso país. Com efeito, como deixou claro Mário Barroca, a torre de menagem é estranha aos castelos Pré-românicos, aparecendo apenas no século XII e em Tomar, o principal reduto defensivo templário em Portugal1. A torre de menagem do castelo de Almourol tinha três pisos e foi bastante modificada ao longo dos tempos, mas mantém ainda importantes vestígios originais, como a sapata, que nos dá a dimensão geral da estrutura. Por outro lado, também as muralhas com torreões adossados, normalmente providas de alambor, foram trazidas para o ocidente peninsular por esta Ordem, e vemo-las também aplicadas em Almourol.

Extinta a Ordem, e afastada a conjuntura reconquistadora que justificou a sua importância nos tempos medievais, o castelo de Almourol foi votado a um progressivo esquecimento, que o Romantismo veio alterar radicalmente. No século XIX, inserido no processo mental de busca e de revalorização da Idade Média, o castelo foi reinventado, à luz de um ideal romântico de medievalidade. Muitas das estruturas primitivas foram sacrificadas, em benefício de uma ideologia que pretendia fazer dos monumentos medievais mais emblemáticos verdadeiras obras-primas, sem paralelos na herança patrimonial. Data desta altura o coroamento uniforme de merlões e ameias, bem como numerosos outros elementos de índole essencialmente decorativa e muito pouco prática.

No século XX, o conjunto foi adaptado a Residência Oficial da República Portuguesa, aqui tendo lugar alguns importantes eventos do Estado Novo. O processo reinventivo, iniciado um século antes, foi definitivamente consumado por esta intervenção dos anos 40 e 50, consumando-se assim o fascínio que a cenografia de Almourol causou no longo Romantismo cultural e político português.

Fonte: IPPAR

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Conta-se, que em tempos muito idos, D. Ramiro, um destemido e impiedoso cavaleiro, regressado de mais uma campanha vitoriosa sobre os mouros, cruzou-se com duas mulheres, mãe e filha, a quem exigiu que o servissem de água. Fê-lo de forma rude. A jovem, assustada com os modos brutais do cavaleiro-guerreiro, deixou cair a bilha, que se quebrou. Irado, Ramiro lançou-se sobre as duas mulheres e, cego de fúria, acabou com a vida das duas. A mais jovem, porém, antes de morrer, amaldiçoou o guerreiro e toda a sua descendência. No momento em que se consumava a morte brutal das duas mulheres surgiu, já sem oportunidade para as salvar, um jovem mouro: era filho de uma e irmão de outra das mulheres que jaziam prostradas aos pés do furioso cavaleiro. Este, bem treinado em lutas, fez do jovem seu prisioneiro, e levou-o consigo para o castelo.
Este D. Ramiro vivia no castelo com a sua mulher e a filha, Beatriz. Apesar de prisioneiro do fidalgo guerreiro, jovem mouro jurou vingar a morte da sua mãe e irmã. Escolheu para alvo desta sua vingança, as duas damas do castelo, a mulher e a filha de Ramiro. À esposa do cavaleiro, fez tomar todos os dias, sem que o soubesse, um veneno de acção lenta que pouco a pouco a fez definhar e morrer. Angustiado com a perda, D. Ramiro parte para novas batalhas, deixando Beatriz confiada à protecção do mouro. Então, o amor, correspondido, entre os dois foi mais forte e a jura de vingança ficou abandonada.
Regressado das batalhas, o nobre tinha outras intenções para a sua filha: que esta casasse com um jovem cavaleiro da sua fé.
Sabendo de tal situação e para não perder Beatriz, o jovem mouro contou-lhe toda a história, desde a morte da sua família até ao seu desejo de vingança. A jovem perdoou-lhe, e ambos, cada vez mais apaixonados, fugiram do castelo e desapareceram para sempre… ou talvez não, porque, diz-se, nas noites de São João, se olharmos para o alto da torre de menagem, aparece a imagem do eternamente jovem casal apaixonado, abraçado com, a seus pés, prostrado, a pedir perdão, D. Ramiro. Mas o mouro responde-lhe, na lenda, de forma dura e inflexível: maldição!!!

domingo, maio 11, 2008  

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