sexta-feira, maio 02, 2008

Maio

"O Dia do Trabalhador, que se celebrou ontem em grande parte do mundo e também em Portugal, deveria dar muito que pensar nos dias que correm.

Que correm para trás, diga-se. Bastaria talvez começar por pensar na origem e na data da celebração: 1º de Maio. Nesse dia, mas no ano de 1886, trabalhadores norte-americanos manifestaram-se nas ruas de Chicago reivindicando a redução do horário de trabalho para 8 horas diárias. Foram brutalmente reprimidos a ferro e a fogo, nesse dia e nos seguintes. Três anos mais tarde, em Paris, a data do 1º de Maio foi consagrada como jornada mundial dos trabalhadores, em memória dos Mártires de Chicago e da luta laboral pela jornada de 8 horas de trabalho.

Já lá vão 122 anos. Portugal passou pela queda da Monarquia e a implantação da 1ª República, por 50 anos de ditadura salazarenta, durante os quais o 1º de Maio foi proibido e reprimido, e por uma revolução festiva e florida que entre as suas primeiras decisões consagrou o 1º de Maio como feriado nacional. Mas eis que 122 anos após a luta dos Mártires de Chicago, neste pequeno país que é Portugal um governo de um partido socialista propõe-se adoptar na versão para organismos públicos do Código de Trabalho horários laborais que podem chegar às 10 horas diárias. O horário de trabalho de 10 horas é um retrocesso para antes ainda dos acontecimentos de Chicago, até meados do século XIX, à revisão do Factory Act de 1848 pelo Parlamento inglês.

Mas atenção: não estamos no século XIX nem em Chicago. E como o Partido Socialista que governa Portugal é um partido democrático a jornada de 10 horas de trabalho não pode ser imposta contra a vontade dos trabalhadores. Isto é: quem quiser é livre de optar pelo desemprego.
"

João Paulo Guerra

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