quinta-feira, junho 05, 2008

O petróleo e o futuro do mundo.

"Os bancos e os fundos internacionais perceberam que só o petróleo pode subir, e subir, e subir, e que só assim vão recuperar as perdas.

É a grande discussão do momento: porque é que o preço do petróleo está a subir tanto? A explicação mais corrente é sempre a de que a procura está a aumentar muito devido ao aumento de consumo na China e na Índia. Mas, se verificarmos melhor, a culpa não é dos chineses nem dos indianos. A procura mundial de petróleo cresceu apenas 7 por cento no último ano, o que não explica uma subida de 100 por cento nos preços!

A segunda explicação é a da instabilidade no Médio Oriente. Bem, é verdade que o Iraque anda ainda caótico, mas a sua produção já está em parte regularizada, e nos outros países produtores – Irão, Arábia Saudita, Kuweit, etc – não há qualquer instabilidade. Com a excepção da Nigéria, não há aliás instabilidade em quase nenhum produtor, desde a Rússia à Venezuela, passando pelo Brasil, Angola, Noruega. Diria mesmo que, nos últimos trinta anos, nunca houve tanta estabilidade nos países produtores. Aliás, é isso que, com razão, diz a OPEP, o cartel dos produtores. Nada justifica, do ponto de vista da produção, esta subida dos preços. É verdade que todos eles ganham, mas não são eles que estão a forçar à subida, bem pelo contrário.

Então o que se passa? Alguns, mais atentos, apontam explicações mais específicas. Nos últimos 30 anos não houve novas refinarias construídas no Ocidente. Como são indústrias sujas, os países não as querem. Portanto, a capacidade de refinação não aumenta, o que bloqueia o processo. Sim, pode ser, mas também não explica o aumento, pois a subida dos consumos tem sido constante mas lenta.

Então, o que se passa? Bem, o que se passa é o seguinte: de há uns anos para cá, criou-se a convicção generalizada que o preço do petróleo iria subir muito. É essa a expectativa, certo? É isso que dizem todos os analistas financeiros da banca e os consultores internacionais, não é verdade? Bem, então qual o melhor bem para investir os milhões que andam por aí à solta nos mercados internacionais? Exacto, acertou, é o petróleo. O que está a acontecer é que, em todo o mundo, milhões e milhões estão a ser transferidos dos mercados financeiros para o petróleo. Depois do ‘subprime’, quando as bolsas caíram, os bancos e os fundos perceberam que só o petróleo pode subir, e subir, e subir, e só assim vão recuperar as perdas.

Um fenómeno semelhante aconteceu com as acções na última década. Aqui há anos, qualquer analista financeiro dizia que era bom investir em “tecnológicas”, ou “media”, ou “internet”. As acções dessas indústrias dispararam até à estratoesfera, sem uma verdadeira razão real que o justificasse. Agora, um fenómeno semelhante se está a passar com o petróleo e com outras matérias-primas, como o arroz e o milho. De um dia para o outro, o mundo desatou a consumir desalmadamente arroz? Ou milho? Nada disso. O que aconteceu foi que os grandes investidores internacionais estão a investir em petróleo, milho, arroz, pelas simples razão que “esperam” – é essa a palavra chave – que o seu preço vá aumentar, e portanto eles vão lucrar com isso.

Por todo o planeta, são milhões e milhões e milhões a serem descarregados para esses mercados, o que leva os preços a subirem vertiginosamente. O problema é que o petróleo não é um bem qualquer, e a subida exagerada do seu preço vai trazer graves convulsões sociais por todo o mundo. Contudo, é preciso compreendermos que baixar o ISP ou o IVA não muda quase nada nesta situação. O que o mundo precisa é de perceber que este é um problema global, e que o mercado do petróleo tem de ser regulamentado de alguma forma. Uma Conferência Internacional sobre o petróleo, com os G-7 mais os produtores e outros grandes consumidores, é essencial, para evitar que o petróleo seja tratado como a acção de uma qualquer empresa, que pode subir até ao céu sem afectar o mundo inteiro. Só travando a especulação internacional financeira, regulando-a, é que evitaremos uma grave crise mundial. À globalização desenfreada só se pode responder de uma forma global. Um pequeno acerto nacional de nada vale
."

Domingos Amaral

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"O petróleo não é um bem qualquer..."; "...o mundo precisa é de perceber que este é um problema global..."; "o mercado do petróleo tem de ser regulamentado de alguma forma...":
Diria que são pérolas demasiadas, as do prosador.
De um momento para o outro todos falam em regulamentar os mercados, uns querem todos os mercados, outros apenas alguns.
Soros, a velha raposa avisa o Congresso que a aposta dos chamados investidores institucionais, depois de toda a burricada do subprime estão a apostar nas comodities e em pouco tempo voltaram a criar uma imensa bolha, que irá rebentar.
Os fundos de pensão e os que neles investiram, ou melhor os que para elas trabalharam toda uma vida bem, podem colocar as barbas de molho.
Parece, que os baby boomers, não vão receber as pensões a que pensaram ter direito, e que começam agora a ser pagas, tudo isto devido à política do mercado financeiro, produzida pelas directivas dos bancos centrais e pelos organismo supranacionais, como OMC, FMI,NAFTA; esqueçam:
O Demónio tem um nome, Clube Bilderberg e Trilateral, o resto é música de embalar.
É verdade, parece que o petróleo vai baixar, porque a recessão não pode acontecer, quando se pensava; … que era uma solução.
Afinal, há muito mais petróleo descoberto do que há 20 anos atrás e com preço de exploração mais baixo, sim, mais baixo!!!
Tudo o que dizem, é 99% mentira, o resto é apenas conversa verdadeira sem importância, controlada pelos media pertencentes ao clube.
O velho Soros, é um especulador sim senhor, é uma velha raposa, mas não se deixa enganar pela nova classe de apostadores bolsistas.
Ganhou muito dinheiro com a £ esterlina, quando do €, e fez bem, dentro daquilo que é o mercado. Agora avisa...
Não gostam, não comam, façam como um cão que eu conheço, deita-se ao pé... amuado.

quinta-feira, junho 05, 2008  
Anonymous Anónimo said...

Explicação em França, que o cérebro do esperto ministro da economia português, nos explica dizendo como o anão do PS: vâo-se habituando... eu diria F...de p...
L’UFC-Que Choisir a dénoncé ce jeudi la «croissance phénoménale» des marges de raffinage réalisées par les compagnies pétrolières sur le gazole, dont les prix volent de record en record, se rapprochant de ceux de l’essence.
La marge de raffinage représente la différence entre le cours du pétrole brut et le coût final des carburants, une fois raffinés.

Selon les calculs de l’UFC, cette marge, sur un litre de gazole (ou diesel), a atteint 15,7 centimes en mai, contre 6,4 centimes en janvier 2008 et seulement 2,5 centimes en 1998.

Elle «a donc été multipliée par 2,4 en 4 mois et par plus de 6 en dix ans!», relève l’association, qui souligne qu’à «l’inverse, la marge de raffinage sur l’essence reste dans ses niveaux usuels de 2 à 4 centimes au litre».

«A elle seule, l’augmentation de la marge de raffinage explique près de la moitié (47%) de l’augmentation du prix du diesel depuis le mois de janvier», selon l’UFC.

Dans la mesure où «les coûts du raffinage n’ont pas augmenté de cette manière», les profits «ont augmenté de manière importante», a expliqué à l’AFP le directeur adjoint des études de l’association, François Carlier.

«Pour l’UFC-Que Choisir, les compagnies pétrolières portent une lourde responsabilité dans l’augmentation du prix du diesel».

«En n’investissant pas dans le raffinage, elles ont créé un mécanisme de rationnement (…) qui fait flamber le prix», ajoute-t-elle, réclamant «une relance, s’il le faut contraignante, des investissements dans le raffinage».

Le litre de gazole, carburant le plus consommé en France et dont la flambée des prix provoque la colère de plusieurs professions, s’est vendu la semaine dernière 1,4541 euro en moyenne, un record. L’écart entre les prix du gazole et de l’essence s’est encore resserré à 2,14 centimes, contre près de 3 centimes précédemment.

quinta-feira, junho 05, 2008  

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