A sentença.
"A memória é o espelho que reflecte os presentes e os ausentes. Durante as décadas de oitenta e noventa, quando o seu presidente e o FC Porto estavam em alta, vi muitos jornalistas (alguns de Lisboa) fazerem tudo para chamarem a atenção do (baptizado) “Papa”.
A bajulação e a proximidade estabelecida entre muitos profissionais da Informação atingiram foros de escândalo.
A simpatia e o poder de atracção de Pinto da Costa foram o princípio do fortalecimento do seu poder.
As vitórias e as conquistas desportivas são, talvez, a maior alavanca de prestígio de sempre.
Pinto da Costa soube prepará-las, atraindo para o seu terreno políticos, juristas, empresários, jornalistas e, com eles, fez a selecção que lhe permitiu o “ataque ao País”, que nunca reconheceu como motor da identidade nacional.
Ele passou a estar, ciclicamente, na Presidência da República, no Parlamento, no Governo (ou contra ele), nas autarquias, nas redacções dos jornais, das rádios e das televisões, seleccionando não apenas aqueles que lhes pudessem aumentar o prestígio e reforçar o poder, mas também, mais prosaicamente, os seus “homens de mão”. Foi assim durante anos a fio.
Há no FC Porto quem se identifique com a postura e os métodos de Pinto da Costa e, no fundo, não foi o seu bastião mas o País que, entre as muitas concessões, salamaleques e fracas resistências, construiu o poder de Pinto da Costa. Ele não representa apenas o (um) indivíduo. Mesmo os seus actuais adversários andaram lá no beija-mão – e é bom ter memória disso.
Se a UEFA suspender o FC Porto, a razão nem sempre é mais forte do que a força do poder, mas dessa cicuta já outros beberam por força do poder de Pinto da Costa.
Talvez o FC Porto venha a pagar uma certa “má fama” que o “pintismo” construiu fora de portas. Talvez a UEFA venha fazer, afinal, aquilo que em Portugal ninguém nunca teve coragem de fazer. Mas isso não deve servir de “escape” a quem pelo menos tentou imitar Pinto da Costa, antes e depois de 2003-04.
Talvez o “centralismo” e o “regionalismo” sejam almas gémeas do “despotismo”."
Rui Santos
A bajulação e a proximidade estabelecida entre muitos profissionais da Informação atingiram foros de escândalo.
A simpatia e o poder de atracção de Pinto da Costa foram o princípio do fortalecimento do seu poder.
As vitórias e as conquistas desportivas são, talvez, a maior alavanca de prestígio de sempre.
Pinto da Costa soube prepará-las, atraindo para o seu terreno políticos, juristas, empresários, jornalistas e, com eles, fez a selecção que lhe permitiu o “ataque ao País”, que nunca reconheceu como motor da identidade nacional.
Ele passou a estar, ciclicamente, na Presidência da República, no Parlamento, no Governo (ou contra ele), nas autarquias, nas redacções dos jornais, das rádios e das televisões, seleccionando não apenas aqueles que lhes pudessem aumentar o prestígio e reforçar o poder, mas também, mais prosaicamente, os seus “homens de mão”. Foi assim durante anos a fio.
Há no FC Porto quem se identifique com a postura e os métodos de Pinto da Costa e, no fundo, não foi o seu bastião mas o País que, entre as muitas concessões, salamaleques e fracas resistências, construiu o poder de Pinto da Costa. Ele não representa apenas o (um) indivíduo. Mesmo os seus actuais adversários andaram lá no beija-mão – e é bom ter memória disso.
Se a UEFA suspender o FC Porto, a razão nem sempre é mais forte do que a força do poder, mas dessa cicuta já outros beberam por força do poder de Pinto da Costa.
Talvez o FC Porto venha a pagar uma certa “má fama” que o “pintismo” construiu fora de portas. Talvez a UEFA venha fazer, afinal, aquilo que em Portugal ninguém nunca teve coragem de fazer. Mas isso não deve servir de “escape” a quem pelo menos tentou imitar Pinto da Costa, antes e depois de 2003-04.
Talvez o “centralismo” e o “regionalismo” sejam almas gémeas do “despotismo”."
Rui Santos
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