terça-feira, junho 24, 2008

Quem produz riqueza

"Foi neste viveiro de gente enérgica que nasceram os empreendedores que superaram a crise petrolífera dos anos 70, criando o ‘made in Italy’.

Por que razão a Itália continua a ser um país próspero, rico e moderno? Se formos espectadores da nossa televisão e do nosso cinema e se lermos os nossos jornais, não temos noção nenhuma disso. Só tomamos consciência disso quando percorremos uma rua de uma qualquer das nossas cidades italianas produtivas, por exemplo, Milão. Então, apercebemo-nos de que, em cada prédio, há cinco ou seis placas de empresas, muitas vezes pequeníssimas, mas altamente especializadas e que fazem negócios com meio mundo. Ou quando damos um passeio a pé e vemos um cubículo onde se fazem sapatos de senhora por medida. Vemos fôrmas de cada uma delas, magníficas peles escolhidas em conjunto, e acabamos por perceber que tem clientes famosas nos Estados Unidos e no Brasil. Pouco depois, uma loja especializada em aquecimentos de qualidade, verdadeiras jóias, também ela famosa em todo o mundo. E ali perto, um pequeno estabelecimento no qual marido, mulher e uma rapariga da Apúlia alegres e animados vendem comida feita por eles e conseguem preparar um almoço para cem pessoas. Depois, numa cave, um grupo de jovens trabalha na Internet e organiza grandes eventos.

Há todo um mundo de artesãos, de técnicos, de pequenos empresários optimistas, geniais e activos, que não ficam à espera de subsídios do Estado e que utilizam tecnologias inovadoras e trabalham incansavelmente.

Estudam, fazem experiências, testam e voltam a testar até ao infinito. Foi neste viveiro de gente enérgica e empreendedora que nasceram os empreendedores que fizeram o milagre económico italiano do pós-guerra, depois aqueles que superaram a crise petrolífera dos anos 70, criando o ‘made in Italy’, e ainda os que enfrentaram a concorrência dos tigres asiáticos. Agora, é a vez daqueles que, inventando novos produtos, novos materiais e novos serviços, conseguem conquistar nichos de mercado em sectores de alta tecnologia, derrotar europeus e americanos nos bens de consumo de luxo e até enfrentar chineses e indianos com uma elevadíssima qualidade e uma invenção contínua.

Nunca os verão na televisão, pois o pequeno ecrã está diariamente ocupado por políticos, por apresentadores, por personagens das páginas policiais, por cómicos e por imitadores. Também não se fala neles nos jornais porque estes só se ocupam da alta finança. A Universidade ignora-os. São os anónimos: os investigadores ocultos que descobrem as coisas que são úteis e necessárias, os produtores obscuros que as fabricam e vendem. E que, sem que ninguém se aperceba disso, fazem funcionar e progredir o país
."

Francesco Alberoni

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Essa é uma abordagem típicamente Romana. Não creio que seja aplicável por cá por vários motivos, mas ainda tenho esperança. Existe algo no nosso país chamado "inveja". Esse veneno leva a que na generalidade os Portugueses gastem as suas energias a tentar destruir o que os outros contruiram sob pretexto de que são corruptos, incompetentes, etc. O efeito disto é que quando chegam às mesmas posições actuam da mesma forma "porque ele tambem fez", ou seja, não possuem qualquer inteligência nem capacidade de inovação. Os poucos que o tentam fazer são apelidados de loucos, sonhadores e colocados de parte. De facto existem uns quantos corruptos e incompetentes mas não são todos, apesar dos primeiros terem crescido exponencialmente.

Outra causa a meu ver bastante importante, é o comportamento do governo que se vai entretendo com perseguições fiscais estrangulando PMEs e beneficiando grandes grupos. É um facto histórico que os países progridem à custa da chamada classe média, e sempre que esta é aniquilada entram em recessão real. Mas tambem o que se pode esperar de um governo controlado pelas grandes empresas que governa para as empresas. A corrupção vem de cima. Uma das caracteríticas dos Italianos parece ser a sua capacidade de ignorar os políticos e seguir a sua vida. Se se meterem à frente protestam a sério e continuam.

terça-feira, junho 24, 2008  

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