sexta-feira, junho 06, 2008

Rio Trancão


O rio Trancão foi em tempos chamado rio de Sacavém, posto que era não só a localidade mais importante da região envolvente, como também pelo facto de a freguesia abarcar então as duas margens do rio, junto à sua foz (a separação de São João da Talha verificar-se-ia apenas em 1387). Segundo interpretação de Virgínia Rau, é provável que a actual designação de Trancão derive de um patronímico: com efeito, de um documento do Mosteiro de São Vicente de Fora, relativo à compra de umas salinas no lugar de São Julião do Tojal, em Maio de 1242, refere-se, nas confrontações do terreno adquirido pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, a existência de uma salina de grande dimensão detida por um tal Afonso Trancão, donde poderia muito bem ter vindo o nome actual do rio de Sacavém.

Foi nas suas margens que se travou o primeiro recontro entre D. Afonso Henriques e os mouros, em 1147, logo antes da tomada de Lisboa – a chamada Batalha de Sacavém, nas imediações da velha ponte romana.

Foi uma via de comunicação preferencial até ao século XIX, por parte das pessoas da zona saloia a norte de Lisboa, tendo ainda sido um importante porto fluvial no contexto portuário do Tejo ao longo da Idade Média, tendo começado a decair gradualmente a partir do século XVI. Estava então pejado de embarcações que transportavam os produtos hortícolas até Lisboa. Foi também através dessas mesmas embarcações que subiram pelo rio as pedras usadas na construção dos torreões do Convento de Mafra, no tempo do rei D. João V.

Após a Restauração, aventou-se várias vezes a ideia (designadamente nos reinados de D. João IV e D. Afonso VI, com a guerra contra Espanha a decorrer), de ligar o Rio de Sacavém ao Oceano Atlântico, fazendo-o desembocar na praia do Baleal, constituindo este curso de água que ia desde Sacavém a Peniche uma linha de defesa natural da capital; o projecto nunca foi levado avante, e foi-se gradualmente desvanecendo, embora ainda fosse recordado quando, no início do século XIX, se construíram as Linhas de Torres Vedras para deter os invasores franceses. Já antes, em 1608, Luís Mendes de Vasconcelos, no Sítio de Lisboa, propunha construir uma vala que ligasse o rio de Sacavém à ribeira de Alcântara, transformando assim Lisboa numa ilha, naturalmente protegida contra invasores.

Após o violento Terramoto de 1755, que assolou a capital, iniciou-se um lento processo de assoreamento do rio, que tem desde então impedido a sua navegabilidade; até aí, em conjunto com os afluentes, formava um vasto e muito mais largo sistema aquífero, de que a velha ponte romana (no seguimento da estrada que ligava Lisboa a Braga), ainda existente no século XVI (e desenhada por Francisco de Holanda), que contava com treze arcos, constituía bem a prova disso mesmo.

Ainda hoje o rio é atravessado não só pela ponte que liga Sacavém à Bobadela (EN10), como também por um grande viaduto sobre o qual corre a Auto-Estrada do Norte (A1).

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O Trancão foi e continua a ser praticamente igual o mau cheiro principalmente no Verão é insuportável. O Trancão antigamente chamado rio de Sacavém que atravessa os concelhos de Odivelas e Loures, para mim não passa de um riacho onde na época das chuvas vê-se bastante água a correr e na estação seca a água que se vê é aquela que sai das pequenas empresas aí existentes, embora nos últimos anos tem havido mais limpeza devido as construções feitas para ter outra imagem o dito rio Trancão, em conjunto as Câmaras Municipais dos dois concelhos a fim de minimizar os danos causados pela poluição ambiental.

terça-feira, fevereiro 10, 2009  

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