sexta-feira, julho 25, 2008

Villa de S.Cucufate




Em local pouco elevado, mas dominando visualmente a paisagem a sul, até Beja, instalou-se em época romana, no séc. I d. C., uma villa, centro de uma exploração agrícola: aí poderia residir o proprietário, organizavam-se os trabalhos necessários à produção, armazenavam-se e transformavam-se os produtos da terra que lhe pertencia. Foi no decurso deste período, até ao século IV, que a “casa” da primeira instalação se foi progressivamente monumentalizando, tendo passado por duas grandes campanhas de obras. A primeira, no século II, mais tímida, vinca o carácter “urbano” da residência, e a segunda, nos meados do século IV, denuncia uma ruptura com o modelo arquitectónico seguido no decurso dos séculos anteriores: a tradicional casa de peristilo, fechada sobre si mesma e centrada sobre um ou mais pátios interiores, substitui-se por uma arquitectura aberta ao exterior, de desenvolvimento linear, em que as fachadas são valorizadas, pela multiplicação dos vãos, como elemento de ligação entre os espaços interiores e o exterior. São desta fase os vestígios que, ainda hoje, e conservando apenas parte do piso térreo, testemunham a grandiosidade e opulência de uma época que se aproximava do seu fim.
Sem dúvida, foram as realizações do período romano que, de forma indelével, marcaram este sítio. Contudo, alguns milhares de anos antes do início desta história, por volta de finais do IV milénio, já os nossos antepassados do neolítico final o tinham escolhido como local de habitat, talvez temporário, uma vez que não foi encontrada qualquer estrutura associada aos materiais arqueológicos dessa época, aí recolhidos. Mas não foi ainda o fim do Império, nos inícios do século V, que ditou o abandono definitivo deste sítio. Com algumas descontinuidades, transformações e adaptações, a ocupação deste mesmo espaço prolongou-se até aos finais do século XVIII e, em área contígua, a poente, para aproveitar a qualidade dos solos e a abundância de água, instalou-se, em época contemporânea, a horta de S. Cucufate e a sua pequena casa.

IPAAR

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